MESA DA ASSEMBLEIA
NACIONAL POPULAR REAGE
Os representantes da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP) da
Guiné-Bissau referiram hoje que aquele órgão do parlamento está
"constituído" e "legitimamente em condições de exercer as suas
funções regimentais".
"Nos termos regimentais, a mesa da ANP está constituída e legitimamente
em condições de exercer plenamente as suas funções regimentais, aliás, o que já
vem acontecendo, com a realização de sucessivas reuniões e prática de atos
políticos, como seja a solicitação às bancadas parlamentares ou partidos com
assento parlamentar a indicação de deputados que devem integrar os restantes
órgãos da ANP, a saber, comissão permanente, comissões especializadas,
comissões especializadas permanentes e conselho de administração", refere,
em comunicado, a mesa do parlamento guineense.
No documento, enviado à imprensa, a mesa do parlamento esclarece também que
para o funcionamento das reuniões plenárias, a mesa é formada por três membros,
nomeadamente o presidente do parlamento (Cipriano Cassamá) e o primeiro e
segundo secretários.
"É bom realçar que os vice-presidentes não têm competências próprias,
são substitutos do presidente da ANP, na sua ausência ou impedimento",
salienta o comunicado, numa referência ao impasse que se mantém sobre a escolha
do segundo vice-presidente, depois de os deputados terem chumabdo o nome de
Braima Camará (Madem-G15, segunda força mais votada).
Num encontro com jornalistas, realizado na sexta-feira, o Presidente
guineense, José Mário Vaz, disse que ainda não indigitou o futuro
primeiro-ministro devido à falta de entendimento entre partidos políticos na
constituição da mesa da Assembleia.
"Após a conclusão do processo político da mesa da Assembleia Nacional
Popular foi devidamente informado o Presidente da República através das
respetivas resoluções. Estranha-se, porém, que o mesmo publicamente interprete
que existe impasse na composição da mesa e, incompreensivelmente, entende ainda
o Presidente da República condicionar o exercício de poderes constitucionais à
resolução daquilo que apelidou de impasse, numa flagrante violação dos
preceitos constitucionais", salienta a mesa.
No comunicado, a mesa do parlamento esclarece que a nomeação do
primeiro-ministro não depende da constituição dos órgãos internos da Assembleia
Nacional Popular, porque "decorre da proclamação definitiva dos resultados
das eleições legislativas".
"Qualquer tentativa de se furtar ao cumprimento do dever constitucional
de nomeação do primeiro-ministro e do seu Governo é um atentado contra a
Constituição e demais leis da República, para além de constituir pura demagogia
política, com propósitos claros de bloquear o país e defender interesses
inconfessos dos seus acólitos", acrescenta a mesa do parlamento guineense.
A Guiné-Bissau realizou eleições legislativas a 10 de março, mas até agora o
Presidente guineense, José Mário Vaz, ainda não indigitou o primeiro-ministro,
o que permitirá a formação do Governo.
A Guiné-Bissau está a viver um novo impasse político dois meses depois de realizadas
as eleições legislativas, o que tem condicionado a nomeação do futuro
primeiro-ministro e a formação de um novo Governo.
Os deputados eleitos nas legislativas de 10 de março levaram mais de um mês
a tomar posse, a 18 de abril, mas o início da X legislatura demonstrou logo as
graves fraturas político-partidárias que existem no país com o impasse criado
com a eleição para a mesa da Assembleia Nacional Popular.
Depois de Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da
Guiné e Cabo verde (PAIGC), ter sido reconduzido no cargo de presidente do
parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da
Guiné-Bissau (APU-PDGB) ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior parte
dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a
Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo
vice-presidente do parlamento.
O Madem-G15 recusou avançar com outro nome para cargo.
Por outro lado, o Partido de Renovação Social (PRS) reclama para si a
indicação do nome do primeiro secretário da mesa da assembleia.
O parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que
inclui o PAIGC (partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para
a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou
o Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com
48.
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