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SEGUIR A AMÍLCAR CABRAL, “NINO” VIEIRA É FIGURA MAIS EMBLEMÁTICA DA
GUINÉ-BISSAU
O analista político guineense Rui Landim afirmou hoje que, a seguir a
Amílcar Cabral, o general João Bernardo "Nino" Vieira é a figura mais
emblemática da Guiné-Bissau e o seu assassínio, há 10 anos, não deve continuar
impune.
"É escandaloso e revoltante e anti-pátria. Não se pode compreender que
até hoje não haja uma reabilitação política do general João Bernardo Vieira,
que depois de Amílcar Cabral, é a figura mais emblemática da luta de libertação
da Guiné", disse à Lusa Rui Landim.
O politólogo falava à Lusa por ocasião do 10.º aniversário do assassínio do
antigo Presidente guineense Nino Vieira, a 02 de março de 2009, horas depois de
o chefe das Forças Armadas guineense, general Tagme Na Waie, também ter sido
morto.
"Estamos a falar de uma realidade e quando não é assim significa que o
país não se reencontrou e tem grandes dificuldades de reencontrar-se e
consequentemente será difícil reerguer-se das cinzas do conflito de 1998 e que
arrasta o país nesta onda. É preciso que os guineenses tomem consciência
disso", lamentou Rui Landim.
Rui Landim considerou também que
o "fatídico 02 de março de 2009" deixou uma "marca indelével"
nos guineenses e na situação política do país.
"Podemos mostrar que depois desta data o país nunca mais se reencontrou
até hoje em termos de estabilidade e capital de confiança entre
protagonistas", salientou.
O analista sublinhou que é necessário que se "faça justiça" e
lembrou que para a "justiça nunca passa tempo".
"Um país reconciliado é um país onde se faz justiça, onde a impunidade
não tem lugar. Só combatendo a impunidade se pode ter perdão e reconciliação.
Não é a escamotear, a violentar a justiça que se ganha estabilidade, se ganha
paz, se ganha confiança, se ganha a reconciliação", disse.
Insistindo na necessidade de justiça e que a Guiné-Bissau não merece que
depois da "epopeia da libertação nacional" se chegue ao ponto de
fazer da "impunidade um modo de vida", Rui Landim voltou a recordar
que "Nino" Vieira foi um dos protagonistas da criação do Estado
independente da Guiné-Bissau.
"Foi o Nino Vieira quem proclamou a República da Guiné-Bissau. O seu
assassínio não pode ser impune. Não estamos a falar da necessidade de fazer
caça às bruxas, estamos a falar de justiça, de dar justiça aos filhos e porque
não ao povo da Guiné-Bissau que o elegeu e estava em pleno mandato popular que
lhe foi confiado numas eleições livres, justas e transparentes [em 2005]",
afirmou.
Para Rui Landim, após a morte de "Nino" Vieira nunca houve um
"inquérito digno desse nome".
"Há uma rutura do capital de confiança que desapareceu entre os
diversos atores políticos e esta situação não pode contribuir para a
reconciliação e reaproximação da família guineense, porque depois do assassínio
do general seguiram-se outros que também ficaram impunes e ninguém foi
responsabilizado", disse.
Após os assassínios do chefe das Forças Armadas e do Presidente guineense
João Bernardo "Nino" Vieira, em 2009, uma série de figuras políticas
do país foram também assassinadas ou espancadas.
Até hoje os autores dos assassínios são desconhecidos e ninguém foi
condenado.
Notabanca; 01.03.2019
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