O presidente da Célula Nacional de Tratamento de Informações Financeiras na Guiné-Bissau (CENTIF-GB), Justino Sá, disse hoje à Lusa que existem suspeitas do envolvimento de dinheiro de proveniência duvidosa na campanha eleitoral em curso no país.
"Neste momento ninguém pode garantir que não haverá dinheiro de
proveniência duvidosa na campanha eleitoral", defendeu Justino Sá, apontando
para os "meios que quem têm sido ostentados" pelos partidos.
A campanha eleitoral para as eleições legislativas de 10 de março tem início sábado e irá decorrer até 07 de março.
A campanha eleitoral para as eleições legislativas de 10 de março tem início sábado e irá decorrer até 07 de março.
Para o presidente do CENTIF-GB, instituição ligada ao Ministério das
Finanças, o facto de na Guiné-Bissau a lei isentar os partidos de
desalfandegarem os materiais de campanha eleitoral, poderá estar a ser
aproveitado para o branqueamento do capital de proveniência ilícita.
"Um branqueador pode aproveitar-se para ?lavar o seu dinheiro'. Perder
quinhentos milhões para fazer entrar, no circuito financeiro legal, três
bilhões não é nada para um branqueador", sustentou Justino Sá.
O responsável pede uma investigação apurada às suspeitas e ainda um reforço
do controlo, através do cumprimento da disposição legal que impõe que os
partidos, finda a campanha eleitoral, apresentem relatórios, com provas de
proveniência dos fundos.
"Ninguém respeita essa disposição", observou Justino Sá, que se
mostra ainda preocupado com os alertas internacionais em relação à situação de
transações financeiras com e no país.
"A Guiné-Bissau está no risco vermelho, estamos na declaração pública,
isto é, com seguimento reforçado a nível da sub-região. Se continuarmos assim
daqui a nada nenhum banco internacional irá aceitar cooperar com os bancos da
Guiné-Bissau", sublinhou Justino Sá.
O presidente do CENTIG-GB entregou recentemente dois relatórios aos
titulares de cargos públicos guineenses. Um feito pelo serviço que coordenada e
outro elaborado a nível do GIABA (Grupo Intergovernamental de Ação contra o
Branqueamento de Dinheiro na África Ocidental).
Os dois documentos "espelham os perigos reais que pairam sobre o
país", defendeu Justino Sá.
O presidente do CENTIF-GB, instituição que disse trabalhar sem apoios das
entidades nacionais, afirmou ter já apresentado elementos suspeitos de
branqueamento de capitais por parte de cidadãos guineenses e estrangeiros, mas
sem que as autoridades judiciais tomem medidas.
Justino Sá apontou também a campanha de comercialização da castanha do caju
como outra fonte de entrada de dinheiro de proveniência duvidosa na
Guiné-Bissau.
Notabanca; 14.02.2019
Sem comentários:
Enviar um comentário