A imprensa turca publicou segunda-feira novas informações que implicam o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, na morte do jornalista Jamal Khashoggi, na véspera de revelações sobre o caso prometidas pelo Presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
Segundo o diário turco Yeni Safak, o homem apresentado como chefe do comando saudita de 15 agentes que se deslocaram a Istambul para matar o jornalista, entrou directamente em contacto com o gabinete do príncipe a partir do consulado.
O homem, Maher
Abdulaziz Mutreb, é membro da guarda próxima de Mohammed bin Salman (MBS) e é
visto nas imagens de videovigilância difundidas pelos ‘media’ turcos a chegar
ao consulado saudita em Istambul e posteriormente junto à residência do cônsul
no dia do desaparecimento de Khashoggi, a 02 de Outubro.
O ministro dos
Negócios Estrangeiros saudita, Adel al-Jubeir, indicou, no domingo, que Jamal
Khashoggi foi morto numa “operação não autorizada” e que MBS “não foi
informado”.
Com o título “O cerco
aperta-se em torno do príncipe herdeiro”, o Yeni Safak afirma que o chefe do
comando telefonou “quatro vezes ao director do gabinete do príncipe herdeiro,
Bader Al-Asaker” após a morte de Khashoggi.
“Pelo menos uma dessas
chamadas telefónicas foi feita do gabinete do cônsul”, acrescenta o jornal sem
citar fontes.
De acordo com o
diário, Mutreb terá também telefonado para um “número norte-americano”,
indicando que possa pertencer a Khaled bin Salmane, irmão de MBS e embaixador
da Arábia Saudita em Washington.
No diário Hurriyet, um
editorialista próximo do poder na Turquia, Abdulkadir Selvi, afirmou que o
jornalista foi imediatamente conduzido ao gabinete do cônsul mal chegou ao
consulado onde terá sido estrangulado por agentes sauditas.
“Durou entre sete e
oito minutos”, escreveu, adiantando que o cadáver foi “cortado em 15 pedaços”
por um médico legista que integrava o comando saudita.
O corpo estará ainda
em local desconhecido em Istambul.
“Se o príncipe saudita
não prestar contas e não for destituído, não devemos fechar o dossiê”,
prosseguiu.
O porta-voz do partido
no poder na Turquia (AKP), Omer Celik, disse hoje, durante uma conferência de
imprensa em Ancara, que a morte de Jamal Khashoggi foi planeada.
“Estamos perante uma
situação que foi selvaticamente planeada e esforços consequentes foram
desenvolvidos para a dissimular”, disse.
“É um crime
extremamente complexo”, acrescentou, manifestando a expectativa de que todos os
factos sejam conhecidos e os responsáveis punidos.
Jamal Khashoggi, 60
anos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 02
de Outubro, para obter um documento para casar com uma cidadã turca e nunca
mais foi visto.
Jornalista saudita
residente nos Estados Unidos desde 2017, Khashoggi era apontado como uma das
vozes mais críticas da monarquia saudita.
Entretanto, a Arábia
Saudita reconheceu já que o jornalista foi morto no seu consulado em Istambul
durante uma luta, referindo que 18 sauditas estão detidos como suspeitos,
anunciou a agência oficial de notícias SPA.
A agência estatal de
notícias saudita SPA revelou também que um conselheiro próximo do príncipe
herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi demitido, juntamente com três
líderes dos serviços de inteligência do reino e oficiais.
As informações
reveladas não identificam os 18 sauditas detidos pelas autoridades.
As novas revelações
surgem na véspera de uma muito aguardada intervenção do Presidente da Turquia
durante a qual prometeu revelar “toda a verdade” sobre a morte do jornalista.
Notabanca; 23.10.2018
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