O Ministro da Presidência do Conselho dos Ministros e Assuntos Parlamentares afirmou que no país, a corrupção, na qual se enquadra o nepotismo e clientelismo, atingiu um nível espantoso e devastador para o Estado e para a sociedade em geral.
Agnelo Augusto Regala que falava à margem da abertura da conferência sobre “o combate a corrupção”, organizada pelo Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), disse que a corrupção começou a ganhar maior dimensão após o 14 de novembro e aliada a forma degradada como se realizou a liberalização comercial e económica.
“Nessa altura a ganância e ambições dos governantes abrirem o caminho a corrupção, ao narcotráfico e ao crime organizado”, disse o governante.
Criticou a evolução do índice
da corrupção no país, justificando que este fenómeno se tornou endémico e que
coroou o sistema político guineense,
atingindo todo o sector de atividade do Estado.
“Basta olhar o sector que
deveria ser “porta standards” do combate à corrupção: o Poder Judicial. Se
encontra extremamente fragilizado e descredibilzado. Estamos todos conscientes
que para um combate verdadeiro e eficaz à corrupção, temos que ter uma justiça
forte e com todos os meios necessários para poder atuar de forma eficiente”,
disse.
Regala afirmou que, com uma
formação dos guineenses, em particular da juventude, assente numa cultura de
integridade moral e política será possível levar o cidadão a defender e a
exercer os seus direitos e deveres de cidadania e assumir o combate à corrupção
como uma causa nacional.
Declarou que para combater
esse fenómeno, é necessário que o Estado adopte, e faça aplicar uma legislação
anticorrupção, acrescentando que a referida legislação preveja realização de
auditorias frequentes à contas do Estado e o reforço sobretudo a supervisão na
área de risco acrescido.
Por seu turno, David
Maglancar, representante Adjunto das Nações Unidas no país, disse que, para
combater o fenómeno, o país deve ter um sistema judiciário independente, uma
sociedade civil vibrante, um sector privado com forte sentido de
responsabilidade social, liberdade de imprensa e proteção eficaz dos
denunciantes.
Afirmou que a corrupção está
em todo o mundo nos países desenvolvidos e os que estão em vias do
desenvolvimento, e que assume muitas formas como a fraude, suborno, apropriação
indevida e desvios de fundos pelos agentes públicos, acrescentando que pode envolver tráfico de influências, uso
de informação privilegiada para fim pessoal e vendas de sentenças judiciais.
David Maglancar disse que a
corrupção mina a estrutura do Estado na medida que os funcionários públicos se
enriquecem ou fecham olhos à criminalidade, privando as pessoas dos seus
direitos, estimula a degradação ambiental, salientando que os pobres e os mais
vulneráveis são mais atingidos pela corrupção e a impunidade.
Esse fenómeno, segundo
Maglancar, mina também a democracia e a governação e gera a desconfiança numa
sociedade, destrói a confiança nos processos eleitorais e enfraquece a
cidadania.
O adjunto do representante do
PNUD em Bissau, referiu que a Guiné-Bissau é um dos 186 países que ratificaram
a Convenção das Nações Unidas contra a corrupção e que o instrumento exige um
forte engajamento do Estado e todos os cidadãos para garantir a sua
implementação.
Informou que no país, as Nações Unidas estão a trabalhar com agência de
aplicação da lei, como sistema judiciário e a analisar como trabalhar com
Assembleia Nacional Popular para aumentar a capacidade interna e garantir a
supervisão de uso de fundos públicos, ajudando a treinar funcionários públicos
e a fortalecer o mecanismo nacional de combate à corrupção.
A conferência encerra os seus trabalhos quarta-feira, e segundo a chefe da
unidade de informação da UNIOGBIS e igualmente porta-voz da missão, Júlia
Galvão Alinho tem como objetivo juntar todos os organismos que combatem a
corrupção para uma reflexão sobre como melhorar o quadro de combate ao fenómeno no país.
Júlia Alinho disse que, segundo o ranking internacional compilado pela
organização de transparência internacional, a Guiné-Bissau está nos dez
primeiros países mais corruptos do mundo e é o terceiro país do mundo onde é
mais fácil lavar dinheiro.
Notabanca; 18.09.2019
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