Apolinário de Carvalho, atual embaixador da Guiné-Bissau em Bruxelas e quadro sénior do Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderou a delegação guineense, composta por elementos de várias instituições.
Em conferência de imprensa hoje, o diplomata afirmou que as conversações de Dacar "correram bem" e que a parte guineense "fez ver à parte senegalesa que é preciso corrigir um erro histórico" que foi a partilha feita em 1993 que determinou que o Senegal ficará com 85% do lucro de hidrocarbonetos (petróleo e gás) e a Guiné-Bissau com 15% em caso de uma descoberta daqueles recursos.
"Queremos um novo acordo que reflita os interesses dos dois países", disse Apolinário de Carvalho, salientando que a Guiné-Bissau "está hoje mais bem preparada" para defender o seu ponto de vista de que no passado.
O responsável adiantou que o país tem hoje uma estratégia nacional que assenta na exigência de uma nova partilha.
Fontes ligadas ao processo negocial indicaram à Lusa que a Guiné-Bissau, entre vários cenários que apresentou ao Senegal, reclama ficar com 85% de hidrocarbonetos ou 50-50, como acontece com os recursos pesqueiros.
Confrontado com aqueles dados, Apolinário de Carvalho disse ser tudo possível desde que o novo acordo não se mantenha igual ao atual.
Questionado sobre a posição de elementos da sociedade civil guineense, segundo a qual a Guiné-Bissau devia exigir a redefinição das fronteiras marítima e terrestre com o Senegal, Apolinário de Carvalho observou que a comissão a que preside não tem mandato sobre esse assunto, mas está aberta para receber contribuições de pessoas ou entidades versadas na matéria.
Nos próximos dias 27,28 e 29 deste mês, as duas partes vão encontrar-se em Bissau, para, disse o chefe da delegação guineense, concluir o projeto de revisão do novo acordo que será, posteriormente, assinado pelos líderes dos dois Estados.
Antes da nova ronda negocial, as delegações de cada país procurarão obter "mandatos concretos" sobre o teor do novo acordo, precisou Apolinário de Carvalho.
A zona em questão comporta cerca de 25 mil quilómetros quadrados da plataforma continental e é gerida por uma agência de gestão e cooperação, baseada em Dacar, atualmente presidida pelo antigo primeiro-ministro guineense, Artur Silva.
A ZEC é considerada rica em recursos haliêuticos, cuja exploração determina 50% para cada um dos Estados e ainda hidrocarbonetos (petróleo e gás), mas ainda em fase de prospeção.
A Guiné-Bissau dispensou 46% do seu território marítimo para constituir a ZEC e o Senegal 54%.
Especialistas em petróleo acreditam que a zona, constituída por águas rasas, profundas e muito profundas "é particularmente atrativa" em hidrocarbonetos.
Notabanca;
06.08.2018
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