Opinião: “INCONGRUÊNCIA NO CNC: MÚSICAS DE CANDIDATOS EM ANIMAÇÕES RADIOFÓNICAS VIOLAM OU NÃO O CÓDIGO DE CONDUTA?”
“AS VOSSAS MÃOS SÃO
MUITO PEQUENAS PARA TAPAR O CÉU.” – MAMANDIN INDJAI
Estamos nas eleições legislativas e presidenciais, que devem ser livres, justas e transparentes, como sempre afirmam não apenas os observadores, mas também os cidadãos e as organizações da sociedade civil. Contudo, desde a abertura democrática, se analisarmos a fundo, nunca tivemos liberdade, justiça e transparência eleitoral. Muitos eleitores esperam uma contrapartida imediata para votar, a clarividência das instituições ligadas ao processo, desigualdade de oportunidades nas corridas eleitorais, e escrutínios na Guiné‑Bissau são fatores culturais e tradicionais nefastos na democracia guineense. Assim, as eleições no país carecem dos princípios da liberdade, da justiça e da transparência, muito menos se pode falar da “credibilidade eleitoral”.
O absurdo é a
declaração do Conselho Nacional de Comunicação Social, que assegurou ontem que
não houve violações do código nem dos princípios que regulam o comportamento
das partes interessadas nas eleições ( órgãos de comunicação social). Talvez
esteja em curso um plano de tentar tapar o céu com as próprias mãos. O que diz
esse CNC sobre os órgãos que veiculam músicas de candidatos por conveniência
política nas respetivas animações radiofónicas? Isso viola ou não o código de
conduta? – Uma incongruência injustificável!
O que diz ainda esse
Conselho Nacional de Comunicação Social sobre conteúdos insultuosos nos
programas matinais das rádios, sobre notícias que fazem menções ao tribalismo e
à divisão étnico‑religiosa, sobre mensagens de ameaças étnicas por causa das
eleições publicadas e emitidas em alguns órgãos, e sobre jornalistas que usam
símbolos de certas sensibilidades políticas até nas apresentações dos serviços
noticiosos? Por favor! As vossas mãos são muito pequenas para tapar o céu.
É um erro pensar que um
gesto tão sutil possa “tapar o céu” da democracia; ao contrário, ele apenas
escurece a linha que separa a informação do entretenimento. A sociedade precisa
reconhecer que a verdadeira força está na transparência e no direito de ouvir
todas as vozes, sem artifícios que tentem encobrir a realidade. Se a censura
vem disfarçada de diversão, cabe a nós, cidadãos atentos, levantar a voz e
lembrar que nenhum poder é grande o bastante para esconder o que o céu já revela.
Rever o relatório e
trabalhar com alguma dose de seriedade! Estão em jogo as vidas das mulheres,
das crianças, dos jovens e dos adolescentes. O presente e o futuro de um povo
que está a ser decidido.
Por: Mamandin Indjai,
professor e jornalista
Notabanca; 08.12.2025

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