MILHARES MARCHAM À PORTA DA COP30 EM BELÉM PARA EXIGIR O FIM DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Milhares de manifestantes marcharam este sábado até
aos portões da COP30, em Belém, Brasil, para exigir ação imediata contra a
crise climática. Ao som de música alta e palavras de ordem como “libertem a
Amazónia”, os ativistas transportaram três caixões gigantes com as palavras
Petróleo, Carvão e Gás, ladeados por duas figuras vestidas como ceifeiros.
É a primeira vez desde 2021 que manifestações são permitidas junto às negociações climáticas da ONU, depois de três conferências consecutivas (no Egipto, Dubai e Azerbaijão) realizadas em países onde os protestos públicos são proibidos.
Entre
cartazes com a frase “a resposta somos nós”, um elefante e uma
anaconda insufláveis atravessaram a multidão sob o calor intenso. Povos
indígenas, grupos juvenis brasileiros e ativistas internacionais participaram
em grande número naquela que ficou conhecida como a "Marcha Global dos
Povos".
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Segundo organização, citada pela imprensa
brasileira, 30 mil pessoas de 65 países participam neste evento paralelo à
COP30.
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“Estamos a realizar um funeral para os
combustíveis fósseis.” afirmou Tuga Cíntia, do grupo de teatro Hydra Dance, da
Universidade Federal do Pará, à BBC. “Estou aqui porque chega de reuniões da
COP e teoria. Está na hora de
realmente agirmos”.
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Com o sol a pique, vários manifestantes
procuraram abrigo num posto de combustível próximo. Muitos empunhavam cartazes
que diziam “demarcação já”, e apelaram ao reconhecimento legal dos territórios
indígenas — considerados por especialistas essenciais para a proteção das
florestas e da biodiversidade.
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“Os combustíveis fósseis continuam a ser
queimados. Nós sabemos muito bem o que é viver na linha da frente das
alterações climáticas” diz Brianna Fruean, ativista das Ilhas Samoa, um arquipélago
extremamente vulnerável à subida do nível do mar, também ao canal britânico.
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“Estamos aqui, depois de tantas COPs, a
marchar por justiça, pelo fim dos combustíveis fósseis.” afirmou Ilan, da
organização 350.org, que vive no Brasil.
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A marcha acontece numa semana marcada por
tensões. Na terça-feira, um grupo de manifestantes rompeu uma barreira de
segurança à entrada da cimeira, e causou ferimentos ligeiros a dois agentes e
danos menores no recinto.
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Apesar de esta edição ter sido apelidada de
“a COP dos povos indígenas”, muitos desses grupos afirmam que as suas
preocupações continuam a ser ignoradas, sobretudo face ao avanço da
desflorestação e da exploração de recursos naturais.
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As negociações prosseguem com avanços
limitados entre quase 200 países. Delegações tentam chegar a um acordo para
cumprir compromissos antigos de redução do uso de combustíveis fósseis e de
apoio às nações mais afetadas pela crise climática. O Brasil, anfitrião da
cimeira, escolheu Belém para reforçar o foco internacional na Amazónia —
embora, poucos dias antes da COP30, o governo tenha autorizado a petrolífera
estatal a explorar petróleo na foz do rio Amazonas.
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Estudos recentes indicam um número recorde
de representantes da indústria fóssil na cimeira: a coligação Kick Big
Polluters Out estima que 1.600 lobistas estejam presentes, um aumento de 12%
face ao ano passado. A ausência total dos Estados Unidos das negociações —
depois de o presidente Donald Trump ter chamado às alterações climáticas “uma
farsa” — também tem dificultado o progresso.
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Alguns avanços surgiram, no entanto. Dez
países assinaram a nova Declaração sobre Integridade da Informação em Mudanças
Climáticas, destinada a combater a desinformação e a promover dados científicos
fiáveis.
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As discussões continuarão ao longo da
próxima semana, com o governo brasileiro a prometer que esta edição trará
medidas concretas para implementar anos de acordos e promessas climáticas.
· Notabanca; 16.11.2025

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