GOVERNO DE FRANÇOIS BAYROU CAI ATIRA FRANÇA PARA IMPASSE POLÍTICO E MACRON ENFRAQUECIDO
O governo do primeiro-ministro
François Bayrou caiu esta segunda-feira depois de chumbada a moção de confiança
na Assembleia Nacional.
Depois
de apresentada a moção de confiança, 364 deputados votaram contra, 194 votaram
a favor e 26 abstiveram-se.
O primeiro-ministro vê-se agora obrigado a apresentar a demissão ao Presidente francês, Emmanuel Macron.
François
Bayrou deixou a Assembleia Nacional sem fazer nenhuma declaração. Segundo
informações da comitiva de Bayrou, em entrevista à Agence France-Presse, o
governante apresentará a sua renúncia a Emmanuel Macron na manhã desta
terça-feira.
François
Bayrou alertou esta segunda-feira no parlamento que o "maior risco"
para a França seria continuar "sem mudar nada", defendendo a moção de
confiança como "uma prova da verdade" face à urgência de reduzir a
dívida.
"O
nosso país trabalha, acredita que está a enriquecer e, todos os anos, empobrece
um pouco mais. É uma hemorragia silenciosa, subterrânea, invisível e
insuportável", afirmou François Bayrou, na Assembleia Nacional francesa,
antes da votação.
O
primeiro-ministro, que está no cargo há apenas nove meses, justificou a
convocação desta moção de confiança perante os 577 deputados franceses, e que
muitos classificaram como suicídio político, por querer esta "prova da
verdade", numa Assembleia Nacional fragmentada e sem maioria.
Dirigindo-se
ao Parlamento, Bayrou disse que este é um "momento da verdade" e
pediu aos deputados que concordassem de forma a enfrentar a iminente crise da
dívida do país. Bayrou lembrou ainda a todos os presentes que enfrentam
"não uma questão política, mas histórica" que moldará o futuro da
França.
O
QUE ACONTECE AGORA?
À
crise política soma-se a sinais crescentes de agitação social. Um movimento com
grande importância, com o nome “Bloquemos Tudo”, convocou uma paralisação
nacional para 10 de setembro, e prometeu levar multidões às ruas.
Poucos
acreditam que Macron convoque novas legislativas antecipadas ou abdique antes
de 2027. O mais provável é a escolha de um novo primeiro-ministro para tentar
governar em minoria, embora a hostilidade entre os partidos continuem a tornar
quase impossível o diálogo.
França
permanece, assim, num impasse político que ameaça transformar-se em crise
social.
Na
rede social X, a página oficial da União Nacional, principal partido da
oposição, defendeu a convocação de eleições antecipadas.
“Após
este novo falhanço, Emmanuel Macron deve assumir as suas responsabilidades e
tirar o país do impasse: o regresso às urnas o mais rapidamente possível”,
lê-se na publicação.
MACRON
ENFRAQUECIDO
No centro da crise está a
decisão de Emmanuel Macron de convocar eleições legislativas antecipadas em
junho de 2024. Em vez de “clarificar” a correlação de forças, como pretendia, o
resultado fragmentou ainda mais a Assembleia Nacional. O presidente ficou com
um governo minoritário centrista, incapaz de negociar acordos estáveis, e vê a
sua popularidade no ponto mais baixo desde 2017.

Notabanca; 09.09.2025

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