AMÉRICA REAFIRMA INTERESSE NA GUINÉ-BISSAU MAS RETOMADA DA EMBAIXADA AINDA É INCERTA
O novo representante da Embaixada dos Estados Unidos
da América (EUA) para a Guiné-Bissau, Jack Bisase, anunciou que seu país
continua empenhado em aprofundar as relações bilaterais com a Guiné-Bissau, com
o objetivo de contribuir para a melhoria da situação interna do país.
A declaração foi feita em entrevista exclusiva à Rádio
Sol Mansi (RSM), após uma visita do diplomata aos estúdios desta emissora
católica, aqui em Bissau.
Nesta entrevista, abordamos questões ligadas à possível reabertura da embaixada, encerrada há 27 anos na Guiné-Bissau. Falamos também das questões diplomáticas, do apoio no combate ao narcotráfico e ao crime organizado, além dos intercâmbios educacionais e culturais.
LEIA NA ÍNTEGRA, UMA
ENTREVISTA EXCLUSIVA COM A RSM.
RSM: Quais são suas impressões iniciais sobre a
Guiné-Bissau?
Jack: Muito obrigada, é um prazer estar aqui
consigo hoje. Como sabe, acabei de chegar [a Guiné-Bissau], mas estou
impressionado com a tremenda beleza do país. Estou também muito contente com a
forma como nos receberam, a mim e a toda a minha equipa, e como somos tratados
no nosso local de trabalho.
RSM:
E, em relação à RSM? Quais são suas impressões?
Jack: É muito impressionante. É a primeira vez
que visito uma rádio na Guiné-Bissau e fiquei bastante impressionado com o
profissionalismo da equipa, a capacidade que possuem e a forma como trabalham.
RSM:
Quais são as suas principais prioridades nesta nova missão diplomática na
Guiné-Bissau?
Jack: Muito obrigado. O Gabinete de Ligação
trabalha na gestão das relações do dia a dia entre os EUA e a Guiné-Bissau. Os
Estados Unidos estão empenhados em trabalhar com os nossos parceiros no
governo, na sociedade civil e no setor privado para promover a segurança, a
prosperidade e o bem-estar do povo guineense.
RSM:
O Presidente, Umaro Sissoco Embaló, anunciou recentemente que os Estados Unidos
vão reabrir a sua embaixada na capital guineense. Já existe algum avanço
concreto neste sentido sendo que a embaixada foi encerrada desde 1998, depois
da guerra civil?
Jack: Ficámos muito contentes por poder receber o
Presidente Embaló em Washington, e creio que isso demonstra a importância dos
nossos laços ao mais alto nível, bem como a força da nossa relação democrática.
Um dos assuntos abordados nesse encontro foi a questão das nossas relações
económicas e comerciais. Ficámos satisfeitos porque, recentemente, recebemos a
informação de que uma empresa americana, denominada Starlink, obteve licenças
para operar aqui na Guiné-Bissau. Estamos a acompanhar com entusiasmo a forma
como estas relações podem ser fortalecidas.
Quanto à embaixada, não há, neste momento, nenhum
anúncio que eu possa fazer. No entanto, posso adiantar que estamos empenhados
em trabalhar no reforço e aprofundamento das nossas relações, estudando
eventuais formas de melhorar a cooperação entre os nossos países.
RSM:
Um dos parceiros que ajuda a Guiné-Bissau em várias vertentes é a América.
Entretanto, em termos de segurança, que papel os Estados Unidos pretendem
desempenhar atualmente no apoio à Guiné-Bissau, especialmente no combate ao
narcotráfico e à criminalidade organizada?
Jack: Trabalhamos em estreita colaboração com os
nossos parceiros na Guiné-Bissau em questões relacionadas com a segurança
marítima e portuária. Atualmente, temos uma parceria com as Forças Armadas da
Guiné-Bissau, através da qual prestamos apoio na gestão, armazenamento e
destruição de munições e armas. Colaboramos também com os nossos parceiros
guineenses na identificação e eliminação de ameaças associadas ao tráfico de
drogas, incluindo a troca de informações para apoiar os seus esforços no
reforço da segurança e no combate ao narcotráfico na Guiné-Bissau.
A nossa cooperação com as autoridades da Guiné-Bissau
inclui ainda a formação de agentes responsáveis pelo combate ao tráfico de
drogas. Inclusive, agentes guineenses participaram recentemente numa formação
ministrada pelo Centro Federal de Formação Policial dos EUA, com foco em
técnicas de entrevista. Esta formação decorreu na Academia Internacional de
Aplicação da Lei, em Botsuana. Por fim, estamos muito satisfeitos por poder
colaborar com o governo da Guiné-Bissau no processo de extradição para os
Estados Unidos de quatro traficantes de drogas já condenados no país, onde
eventualmente também serão julgados lá nos EUA.
RSM:
Podemos esperar um reforço nos programas de intercâmbio educacional?
Jack: Sim, estamos a trabalhar em vários setores
com a Guiné-Bissau, e um dos que mais nos orgulha apoiar é um programa regional
de 38 milhões de dólares voltado para o setor da castanha de Caju. No âmbito
deste programa, construímos estradas, fornecemos fertilizantes e oferecemos
formações para ajudar as pessoas a melhorar as suas práticas agrícolas.
No setor da educação e cultura, temos o nosso American
Corner, localizado na Escola ˝Tchico Té˝, onde realizamos formações com
materiais didáticos para apoiar os jovens no desenvolvimento de competências em
áreas como empreendedorismo, ciência, tecnologia, engenharia, matemática e
também na aprendizagem da língua inglesa, tudo de forma gratuita.
Temos também muito orgulho nos nossos programas de
intercâmbio educacional e de liderança, através dos quais jovens guineenses
viajam para os Estados Unidos para receber formação em diversos temas, desde
boa governação até ao combate ao crime. Os EUA apoiam ainda programas de
intercâmbio cultural entre músicos guineenses e americanos, iniciativas de
empreendedorismo, e programas de capacitação para jornalistas.
Continuamos abertos e entusiasmados com a oportunidade
de ampliar a nossa colaboração com o povo da Guiné-Bissau.
RSM:
Que mensagem gostaria de transmitir ao povo da Guiné-Bissau ao início desta
missão?
Jack: A minha mensagem é de agradecimento.
Gostaria de agradecer à Guiné-Bissau pela forma calorosa e entusiasta com que
sempre me recebe, bem como pela forma acolhedora com que recebe a minha equipa.
Estou muito motivado para trabalhar aqui com as pessoas, construir parcerias e
fortalecer ainda mais a relação com a Guiné-Bissau.
RSM:
Quem algo de importante que quer partilhar aqui conosco e que se calhar não
conseguimos até agora abordar nesta brilhante entrevista?
Jack: Da minha parte, não tenho mais nada a acrescentar.
Contudo, quero reiterar que estou muito entusiasmado para trabalhar com a Rádio
Sol Mansi, colaborar com os cidadãos guineenses e conhecer o máximo possível
sobre a Guiné-Bissau.
Notabanca; 20.08.2025

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