PARLAMENTOS LUSÓFONOS APOIAM CIMEIRA DA CPLP NA GUINÉ-BISSAU
A nova presidente da Assembleia Parlamentar dos países
lusófonos rejeitou qualquer impedimento à realização da cimeira de chefes de
Estado e de Governo da CPLP na Guiné-Bissau, como pedia o Parlamento daquele
país.
Parlamento da Guiné-Bissau Bissau foi dissolvido pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló em 2023Foto: Bacar Camara/Xinhua News Agency/picture alliance
"Penso que temos de respeitar a separação de
poderes. Nós temos as nossas funções como parlamentos e os chefes do Estado
também têm suas responsabilidades. Não vai ser a Assembleia Parlamentar [da
CPLP] que vai decidir a não realização de uma cimeira", declarou a nova
presidente da Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (AP-CPLP), Margarida Talapa, presidente
do Parlamento moçambicano, ao dirigir a primeira sessão ordinária do órgão, em
Maputo, após tomar posse.
Crise institucional na Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau enviou hoje uma carta à AP-CPLP pedindo que se "recuse a dar cobertura institucional a eventos que contradigam os princípios democráticos e os fundamentos legais da nossa comunidade", referindo-se à realização da cimeira da CPLP, a decorrer na sexta-feira (18.07) em Bissau.
Margarida Talapa é a nova Presidente da Assembleia
Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)Foto: Delfim
Anacleto/DW
Na carta, o Parlamento guineense, que não teve
representante na 14.ª Assembleia
Parlamentar da CPLP que termina hoje, indica
que "atravessa uma anomalia
constitucional grave".
"A aparência de estabilidade não pode ocultar a
ausência de legalidade democrática. A paz não se impõe com silêncios. A cidadania
não floresce onde o medo se sobrepõe à liberdade", apontava,
denunciando o encerramento do Parlamento, que permanece
"militarizado".
Por isso pede ao órgão que se reforcem os
mecanismos de acompanhamento da situação política e parlamentar nos Estados-membros
e que "se abstenha de legitimar processos de exclusão ou suspensão de
parlamentos democraticamente eleitos".
O Presidente guineense, Umaro
Sissoco Embaló, dissolveu o Parlamento do país em dezembro de 2023,
antes de passados os 12 meses, fixados pela Constituição, das eleições
legislativas ganhas pela Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka),
liderada pelo Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Bissau acolhe na sexta-feira a XV Cimeira da CPLP, em
que irá assumir a presidência rotativa da CPLP por dois anos, sucedendo a São
Tomé e Príncipe, e deverá ser decidida a presidência seguinte.
Falando na sessão, a nova presidente da AP-CPLP
prometeu que o órgão vai fazer o devido acompanhamento da situação de
Guiné-Bissau, mas pediu atenção à observância das atribuições do órgão.
Grupo de guineenses exige fim do mandato de Sissoco
Embaló
"Nós temos de
respeitar os limites das nossas atribuições e não irmos para além daquilo que
são as nossas atribuições, dos parlamentos. Nós, como
presidente, tomamos [como] posição [que] neste momento vamos
continuar a fazer o acompanhamento da situação da Guiné", acrescentou
Talapa, prometendo igualmente enviar uma equipa de observação ao escrutínio.
Foco na integração CPLP
"Foram marcadas as eleições para este ano, vamos
fazer o devido acompanhamento, vamos criar condições para que possamos
participar efetivamente como observadores criando um grupo que irá para
lá", disse Margarida Talapa.
Moçambique assumiu hoje a presidência rotativa da
AP-CPLP sucedendo à Guiné Equatorial, num mandato de dois anos que assume
ser focado na paz e inclusão.
"Esta é uma caminhada que deve ser coletiva, e
que cada país deve assumir o seu papel para o crescimento da organização para
promover mais união, coesão e trabalho conjunto", disse Margarida Talapa,
ao assumir o cargo.
Voltou a prometer apostar no fortalecimento da
democracia e Estado de Direito e no acompanhamento da execução do acordo de
mobilidade entre os países-membros, incluindo a realização de reuniões
periódicas com vista a assegurar acordos que facilitem
a mobilidade na CPLP.
Talapa assumiu que vai focar-se na atração de
investimentos privados com harmonização de taxas alfandegárias e fiscais entre
países-membros e na promoção da língua portuguesa e da cultura dos países da
CPLP, incluindo revisão dos estatutos do órgão e avanços em matérias de
igualdade de género.
Fundada em 1996, a CPLP integra nove países - Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal,
São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Notabanca; 16.07.2025


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