Diamantino Fafé exige igualdade de tratamento para lutadores e futebolistas
O campeão africano de Luta Livre na categoria de 57kg,
Diamantino Luna Fafé exige do Governo igual tratamento para futebolistas
e lutadores.Em entrevista ao jornal O Democrata, queixou-se de que o
Governo o abandonou e acusou as autoridades de falta de cumprimento das
promessas de melhoria das condições de treino e concessão de prémios.
O atleta, que já arrecadou oito medalhas de ouro para o país, reclama um tratamento semelhante ao que é concedido aos jogadores da selecção nacional de futebol.
O lutador lamentou não ter recebido qualquer prémio
pela conquista do título africano alcançado em Maio passado, em Casablanca,
Marrocos, onde se sagrou tricampeão africano.
“Enviei o número da conta desde Maio e até agora
nada. Foram várias promessas que ficaram por cumprir”, afirmou.
Diamantino Fafé é uma das maiores referências da luta
livre na Guiné-Bissau. Natural de Binar, região de Oio, o atleta foi descoberto
pela Federação de Luta da Guiné-Bissau (FLGB). Treina diariamente em Bissau,
deslocando-se a correr desde Safim até ao Estádio 24 de Setembro, numa
tentativa de manter a forma física e a competitividade em provas
internacionais.
Segundo O Democrata, apesar das dificuldades, o
atleta garantiu que sempre recusou propostas aliciantes de países como
Marrocos, Egipto e Argélia para facilitar derrotas propositadas. “Nunca aceitei
porque represento com orgulho a Guiné-Bissau”, afirmou.
A Federação, por sua vez, queixa-se da falta de apoio
governamental, apesar dos excelentes resultados da modalidade nas competições
internacionais. “Enquanto outras modalidades recebem milhões, a luta livre
continua a sobreviver graças ao esforço pessoal dos atletas e da direcção da
FLGB”, sublinhou Fafé.
O campeão africano relembrou que o seu colega M’bundé
Cumba M’bali abandonou a delegação nacional em França, em 2023, devido à
frustração e à falta de incentivos. “Eu podia ter feito o mesmo, mas continuei
porque acredito na Guiné-Bissau. No entanto, sinto-me abandonado”, desabafou.
Luna Fafé revelou ainda que, sem alternativas, tem
recorrido à agricultura na sua aldeia como forma de sustento, e diz que
enfrenta dificuldades financeiras crescentes, inclusive para terminar as obras
da sua casa em Safim, o atleta vê o futuro com incerteza.
Questionou igualmente a disparidade de apoios entre a
luta livre e o futebol: “O que é que o futebol tem dado ao país mais do que eu?
Também mereço reconhecimento e prémios justos. Já disponibilizei a minha conta,
mas nada foi transferido”, disse
O lutador confirmou ter enviado recentemente uma carta
à Ministra da Cultura, Juventude e Desportos, Maria da Conceição Évora, a
solicitar apoio, mas que ainda não recebeu qualquer resposta da
governante.
Com mais uma competição agendada para Agosto, na Costa
do Marfim, o tricampeão africano coloca a sua participação em dúvida. “Se o
prometido não for cumprido, posso recusar competir ou até nem viajar”,
advertiu.
Diamantino Luna Fafé, nascido em Junho de 2001,
representou a Guiné-Bissau nos Jogos Olímpicos de Tóquio (2020) e Paris (2024).
Ao longo da sua carreira, tem acumulado distinções, incluindo títulos em
campeonatos africanos realizados na Tunísia, Egipto e Marrocos, mantendo-se no
topo do ranking africano e a subir progressivamente no ranking mundial da sua
categoria.
Notabanca; 24.07.2025

Sem comentários:
Enviar um comentário