38 MORTOS NUMA MANIFESTAÇÃO NO QUENUA
Pelo menos 38 pessoas
foram mortas após os protestos violentos de segunda-feira no Quénia, segundo
novo balanço divulgado hoje pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos do
Quénia (KNCHR, na sigla em inglês).
Um relatório anterior, divulgado na terça-feira pela KNHCR, uma instituição pública, mas independente, indicou 31 mortes.
Este é o maior número
de mortos desde que os protestos contra o Presidente, William Ruto, começaram,
há mais de um ano, e abalaram o país do leste de África.
Na segunda-feira, no
dia de "Saba Saba" ("Sete, Sete" em suaíli, uma referência
à revolta pró-democracia de 07 de julho de 1990), a polícia mobilizada em
grande número cortou as principais vias de acesso a Nairobi, capital do país, cujas
ruas estavam vazias.
Confrontos entre a
polícia e manifestantes ocorreram nos arredores da cidade.
A KNHRC anunciou, em
comunicado, que o número de "vítimas agora é de trinta e oito
pessoas" e que outras 130 ficaram feridas.
Segundo a comissão,
as três cidades com mais vítimas são Kiambu (oito), Nairobi (seis) e Kaijado
(seis).
Na terça-feira, a ONU
declarou estar "muito perturbada" com os primeiros números publicados
no dia anterior, referindo-se a "assassínios".
Na quarta-feira, o
Presidente Ruto lançou um aviso firme contra aqueles que pretendem
"derrubar" o Governo e avisou que a polícia iria disparar contra
"os saqueadores", o que motivou reações do principal partido da
oposição.
Desde há um ano, o
Quénia vive uma vaga de manifestações, desencadeada em junho de 2024 por um
controverso projeto de lei orçamental, criticado em especial pelos jovens.
O movimento tem sido
severamente reprimido pela polícia e, com este último número de mortos, já fez
mais de uma centena de vítimas mortais.
As organizações de
defesa dos direitos humanos estão a denunciar a responsabilidade da polícia na
violência, na morte de manifestantes e nos muitos desaparecimentos forçados.
No dia 25 de junho de
2024, a KNCHR registou 19 mortes ocorridas nas manifestações realizadas nos
dias anteriores e que já se tinham transformado em confrontos entre os
manifestantes e a polícia.
Nos dias que se
seguiram, o Governo afirmou ter "frustrado um golpe de Estado",
enquanto os manifestantes o acusaram de ter contratado homens armados para desacreditar
o seu movimento.
A violência policial
manchou a imagem do Quénia, que até agora era considerado um dos poucos Estados
estáveis e democráticos numa região conturbada.
Notabanca; 12.07.2025

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