AMÉRICA EXPULSA 10 PESSOAS PARA EL SALVADOR ACUSADAS DE PERTENCER A GRUPOS CRIMINOSOS
Kilmar Abrego
Garcia, imigrante de El Salvador, foi um dos presos nas deportações de Donald
Trump, mas sem querer. A sua esposa, Jennifer, reconheceu-o nas imagens
transmitidas na televisão, numa das piores prisões da América Latina. O
presidente americano reconheceu que a deportação de Kilmar Abrego Garcia foi um
"erro", mas recusou trazê-lo de volta.
Prisão em El Salvador, com
imigrantes deportados. Lusa
Kilmar Abrego Garcia, 29 anos, é natural de El Salvador, mas vive nos Estados Unidos, com a mulher e o filho. Foi preso em Baltimore, Maryland, pelos Serviços de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), no passado dia 12 de março. Três dias mais tarde, foi deportado para El Salvador.
A mua esposa reconhece-o entre os 261 homens que foram deportados dos
Estados Unidos no dia 15 de março e detidos na prisão de segurança máxima
salvadorenha CECOT (Centro de Confinamento de Terrorismo). As imagens que
passaram na televisão permitiram identificar Kilmar Abrego Garcia, que tinha
sido detido por engano.
A administração norte-americana admitiu que a deportação se tratou de um
“erro administrativo”. Uma juíza do Maryland a ordenar a correção do “erro” e o
regresso de Kilmar aos Estados Unidos, até ao final do dia 7 de abril, avança
o Observador, mas o pedido
não foi aceite pela Casa Branca.
O presidente americano defendeu a permanência de Kilmar na prisão, por
alegadas ligações ao gangue MS-13. No entanto, não estava tudo perdido, e a
decisão do Supremo Tribunal foi de retirar o cidadão de El Salvador da prisão e
permitir o seu regresso a casa. A ordem continua sem ser cumprida.
Em resposta, a administração americana argumentou que o poder judicial não
se sobrepõe ao poder executivo e o regresso de Kilmar teria de ser decidido
pelo Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que rapidamente se deslocoua
Washington para apoiar a casa Casa Branca na luta contra os tribunais: “É
absurdo. Como posso traficar um terrorista para os Estados Unidos? Não tenho o
poder de o devolver”, declarou na Sala Oval.
Além de ir contra a ordem do Supremo Tribunal, Trump reparoxima a Casa
Branca de Bukele estendendo-lhe a mão para consolidar uma “amizade” com o
autoproclamado “ditador mais fixe do mundo“.
Quem é deportado, e quem fica
Quando Jennifer, a esposa de Kilmar Abrego Garcia, soube da sua deportação,
fez tudo por encontrar o marido: “É uma jornada que ninguém devia ter que
sofrer — um pesadelo que parece interminável”, afirmou num protesto no início
deste mês. "O meu marido Kilmar foi preso pelo Governo americano,"
acrescenta. "E num segundo, os nossos três filhos perderam o pai, e eu
perdi o amor da minha vida."
Nathali Sánchez também reconheceu o marido, Arturo Suárez Trejo, nas
fotografias tiradas na CECOT, e viveu o mesmo pesadelo. Suárez, músico de 33
anos, é um dos 238 venezuelanos que foram deportados nos mesmos voos que
Kilmar, com acusações de pertencerem a um outro gangue, o Tren de Aragua.
Uma investigação do New York Times revelou
que 32 destes 238 cidadãos venezuelanos tinham acusações ou condenação por
crimes graves e outros 24 enfrentaram acusações menores, como contraordenações
de trânsito. A grande parte dos deportados, entre eles Suárez e Kilmar, não
tinha qualquer acusação criminal — estar em território norte-americano sem
documentos não é um crime, mas uma violação do Direito de imigração, sujeito a
um processo nos tribunais específicos.
As deportações americanas têm despedaçado milhares de famílias, e espalhado o terror por um dos países com mais imigrantes no mundo.
Notabanca; 18.04.2025


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