terça-feira, 28 de março de 2023

APESAR DE AMEAÇA DE MÃO DURA CONTRA ESPECULAÇÃO DOS PREÇOS COMERCIANTES VENDEM COMO QUEREM INSTALANDO INDIGNAÇÃO 

População guineense denuncia a especulação do preço dos produtos no mercado nacional e acusa os comerciantes de serem responsáveis pela situação. O Governo promete "mão dura" a quem for apanhado a cometer abusos.

Em setembro passado, o governo guineense decidiu, "num contexto induzido pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia", fixar o preço para alguns bens essenciais, no mercado nacional.

Por exemplo, um saco de 50kg de arroz, produto de base alimentar dos guineenses, deveria, segundo o despacho governamental, custar o equivalente a 29 euros, enquanto um saco de 50kg de farinha deveria ser comprado por cerca de 35 euros.

Seis meses depois, surgem várias denúncias sobre a especulação dos preços dos produtos no mercado nacional. A DW constatou que um saco de arroz de 50kg chega a custar 36 euros, em vez de 29, enquanto a farinha custa cerca de 40 euros, em vez dos 35 estipulados.

O preço de produtos como o açúcar e o óleo alimentar também disparou no mercado guineense. 

Fraco poder de compra

Cidadãos ouvidos pela DW África queixam-se do fraco poder de compra devido ao aumento dos preços.

"Sabemos que o salário é muito pouco e não vai corresponder com as necessidades, os outros têm a família e não há dinheiro para sustentar a família. Os produtos estão caros no mercado, é muito triste e é lamentável mesmo", disse uma cidadã, cuja opinião foi partilhada por outra conterrânea.

"O preço dos produtos da primeira necessidade subiu muito no mercado e eu queria que fosse reduzido o preço dos produtos da primeira necessidade, em vez de ser reduzido o dos transportes".

Governo promete punir infratores

À DW África, o inspetor-geral do Ministério do Comércio, Agostinho Lopes Djaló, admite que há especulação de preços, mas deixa garantias de uma "luta incessante" para combater o comportamento dos comerciantes. 

"Sabem como são os comerciantes, cada um luta para sobreviver, desrespeitando as leis. Mas nós também estamos atrás deles. Quem apanhamos, paga sempre uma coima. Nós estamos ainda vinculados ao despacho do Governo, que estabeleceu o preçário para todos os produtos da primeira necessidade, começando pelo arroz, açúcar, farinha e óleo. E estamos a controlar isso", diz.

A DW contactou a Associação Nacional dos Retalhistas dos Mercados da Guiné-Bissau, mas o presidente da organização não se quis pronunciar, para já, sobre o assunto.


Notabanca; 28.03.2023

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