PRESIDENTE DO PAIGC JÁ ESTÁ EM BISSAU E CONSIDERA ATITUDE COBARDE TORTURA DE ALY SILVA
“É algo que nós todos temos de condenar de forma veemente e expresso a minha solidariedade ao Aly e a todos aqueles que já foram vítimas desta situação absolutamente cobarde”, disse o dirigente partidário, em entrevista à agência Lusa.
Simões Pereira, que Aly Silva apoiou nas últimas eleições presidenciais, em 2019, referiu que o facto de a agressão ter ocorrido em pleno dia “mostra a prepotência de quem tem essa capacidade”, referindo que “todos percebem de onde é que vem esta agressão”.
O bloguista guineense Aly Silva foi sequestrado e espancado, na terça-feira, no centro de Bissau, tendo depois sido abandonado nos arredores da cidade, um caso denunciado pela Liga Guineense dos Direitos Humanos.
Em entrevista à Lusa na quarta-feira, Aly Silva denunciou que foi agredido a mando de "pessoas ligadas ao poder", associando-as diretamente ao Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
O líder do PAIGC saudou a reação da sociedade civil a este caso “porque identificou claramente a fonte desse quadro de instabilidade”.
“Nós todos, atores políticos, sociedade civil, todos os cidadãos guineenses devemos compreender a importância de nos levantarmos para exigir o fim dessas situações e que o Estado de direito possa ser reposto na Guiné-Bissau”, disse.
O chefe de Estado negou na quinta-feira qualquer envolvimento no espancamento do jornalista e prometeu que a justiça vai procurar e castigar os autores do ato.
"Lamento o que aconteceu com o Aly, mas ele que vá ver quem o espancou", afirmou Sissoco Embaló, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração em Bissau da sede da polícia.
O Presidente disse ter dado instruções ao ministro do Interior, à Polícia Judiciária e ao procurador-geral da República no sentido de serem acionados mecanismos para apurar quem são as pessoas que andam a espancar os cidadãos guineenses nos últimos tempos.
"Eu, o Presidente da República, acham que vou mandar espancar um cidadão?", perguntou Embaló, sublinhando que na sua casa nem bate nos filhos e que é a sua mulher quem reprime as crianças quando é caso disso.
O Presidente disse ainda que não é um fantasma para estar em vários lugares ao mesmo tempo e lembrou que no dia em que Aly Silva foi espancado encontrava-se em visita de trabalho no Egito.
O líder guineense disse que, brevemente, vão ser montadas câmaras de vigilância na cidade de Bissau para reforçar a segurança dos cidadãos.
Umaro Sissoco Embaló voltou a frisar que tem alertado as forças de Defesa e Segurança para a necessidade de acabar com a violência sobre os cidadãos e ainda afirmou que Aly Silva é a última pessoa a acusá-lo de algo que não fez sem que o leve à justiça.
As organizações da sociedade civil têm denunciado diversas violações dos direitos humanos contra ativistas, políticos, deputados e jornalistas e órgãos de comunicação social.
Um dos casos mais recentes foi o de dois ativistas políticos do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), segunda força política do país e que integra a coligação no Governo, que denunciaram publicamente terem sido espancados alegadamente por guardas da Presidência guineense, dentro do Palácio Presidencial, um caso a que o Ministério Público guineense ainda não deu seguimento, de acordo com a Liga dos Direitos Humanos.
Notabanca, 12.03.2021
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