PAM RESSALTA DISPARIDADES NO PREÇO DE ALIMENTOS ENTRE PAÍSES
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, apresentou o “Custo de um Prato de Alimentos 2020” que compara o preço da comida entre os países com base na renda salarial dos consumidores.Utilizando uma tabela com variantes e índices em 36 países, o PMA constatou que um trabalhador em Nova Iorque gasta 0,6% do seu salário com um prato feito com arroz e feijão. A mesma refeição equivaleria a US$ 393 no Sudão do Sul, ou 186% do salário mensal de um trabalhador no país africano.
Essas disparidades foram agravadas com a crise da Covid-19. Por causa da pandemia, houve um aumento de 27 pontos percentuais no valor gasto para uma refeição básica no Sudão do Sul.
Esta é a terceira edição do estudo, que analisa as razões para a insegurança alimentar no mundo com base em múltiplos fatores. A falta de meios para comprar comida deixa milhões de pessoas com fome. Além disso, fatores como conflitos, mudança climática influenciam na situação.
Moçambique é o único país de língua portuguesa entre as 36 nações analisadas pelo índice. Na relação aparecem ainda Burundi, Malauí, Haiti, Sudão e Mali. São 17 países da África Subsaariana. Das Américas estão República Dominicana, Colômbia e Panamá nos lugares 33, 34 e 35, respectivamente.
O diretor-executivo do PMA, David Beasley, disse que a análise expõe o quão destrutivo é o impacto do conflito, da mudança climática e de crises econômicas agora agravadas pela Covid-19.
O chefe da agência ressalta que os piores efeitos recaem sobre os mais vulneráveis cujas vidas eram limitadas antes da pandemia, diante da pior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial. Agora, a situação “é muito pior, pois a pandemia ameaça levar a nada menos do que uma catástrofe humanitária”.
O relatório aponta o fator conflito como chave para a fome em muitos países. Esta situação leva pessoas a abandonar suas casas, terras e empregos, reduzindo de forma drástica a renda e a disponibilidade de alimentos a preços acessíveis.
Ao receber o Prêmio Nobel da Paz, este mês, o PMA ressaltou a estreita conexão entre segurança alimentar e paz. Até 270 milhões de pessoas terão as vidas e os meios de subsistência de sob grande ameaça este ano, se não houver medidas imediatas para combater a pandemia.
Burquina Fasso aparece pela primeira vez no índice pela onda de conflitos aliada a mudanças climáticas. O número de pessoas com fome ali triplicou para 3,4 milhões e mais 11 mil habitantes das províncias do norte do país estão ameaçados.
Quanto ao Haiti, o documento realça o gasto de mais de um terço da renda diária pelos habitantes para comprar um prato de comida, o equivalente a US$ 74 para quem vive em Nova Iorque.
Contribuem para a situação haitiana as importações de metade dos alimentos e 83% do arroz. Esses fatores tornam o país vulnerável à inflação e à volatilidade dos preços nos mercados internacionais, em especial em crises como a atual pandemia.
De acordo com radio capital Beasley ressaltouque os habitante s de áreas urbanas também “estão altamente vulneráveis”, diante de efeitos da pandemia como as altas no desemprego, que baixam o poder de uso dos mercados alimentares de que as pessoas dependem.
Para milhões delas “perder um dia de trabalho significa perder um dia de comida, para elas e seus filhos”. Esse fator também pode causar crescentes tensões sociais e instabilidade.
Antes chamado de “Contando os Feijões”, o relatório usa a variável da renda média estimada em cada país para calcular a percentagem dos gastos em uma refeição básica, como alguns feijões ou lentilhas, com um carboidrato de preferência local.
O preço que um residente em Nova Iorque poderia pagar foi calculado com base na relação entre a refeição e renda entre este e um habitante de uma nação em desenvolvimento.
Notabanca; 22.12.2020
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