quarta-feira, 30 de setembro de 2020

 CONFRONTOS ENTRE MANIFESTANTES E POLÍCIA NAS RUAS DE CONACRY

Confrontos esporádicos entre manifestantes e a polícia eclodiram  terça-feira em vários bairros de Conakry, durante uma jornada de mobilização contra a candidatura do Presidente Alpha Condé a um terceiro mandato, noticiaram agências internacionais.

 As autoridades tinham proibido o diada mobilização que deveria assinalar, menos de três semanas antes das eleições presidenciais de 18 de Outubro, a entrada numa nova fase da contestação que dura há um ano.

A Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), que lidera o protesto, anunciou que um dos seus líderes, Oumar Sylla, tinha sido detido e levado para uma esquadra de polícia, uma detenção confirmada pelo Governo.

Um correspondente da agência France-Presse testemunhou que viu uma dúzia de jovens serem presos e levados em duas recolhas pelas forças de segurança.

Em Bailobaya, na periferia da capital, os jovens ergueram barricadas, derrubaram caixotes do lixo, queimaram pneus e deitaram óleo de motor na estrada principal, que liga os subúrbios e o centro da cidade.

Cenas semelhantes ocorreram nos subúrbios de Matoto e Hamdallaye, onde agentes da lei tentaram levantar barricadas e perseguiram os jovens pelas ruas, utilizando gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que respondiam com pedras.

O FNDC relatou outros confrontos semelhantes, particularmente no oeste do país.

O movimento tem mobilizado milhares de guineenses para as ruas desde Outubro de 2019 para tentar impedir que o Presidente Condé seja eleito pela terceira vez.

Ao longo do ano, os protestos terminaram em confrontos e foram severamente reprimidos várias vezes, o que resultou na morte de dezenas de civis.

O FNDC visava uma mobilização em massa a partir de hoje, mas as autoridades proibiram a marcha planeada, dizendo que queriam reservar espaço público para os partidos durante a campanha eleitoral, o que foi considerado "ilegal" pelo movimento.

O antigo opositor histórico, Alpha Condé, 82 anos, primeiro Presidente democraticamente eleito da Guiné-Conakry em 2010 após décadas de regimes autoritários, foi reeleito em 2015.

Num referendo muito concorrido em Março, o chefe de Estado fez aprovar uma nova Constituição que mantém o limite de dois mandatos presidenciais, mas argumentou que esta mudança na lei fundamental repõe a contagem de mandatos presidências a zero.

Notabanca; 30.09.2020

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