segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O porta-voz da Comissão Negocial, Malam Indjai, disse que a atitude do ministro levou os trabalhadores a escolherem a greve como arma para fazer valer as suas direitos. 

O sindicalista frisou que os sindicatos deram benefício de dúvidas ao Fadia, pensando que ia estar movido pelo princípio de boa fé e bom senso, e que respeitaria a legalidade, mas “fez tudo ao contrário”.

“Usou a força numa clara demonstração de atitude ditatorial e hostil aos sindicatos, bloqueou incompetentemente os salários dos funcionários em greve, quando muito o que podia fazer era apenas proceder ao desconto dos três dias de observância da greve”, acusou.

O sindicalista informou que João Mamadu Fadia produziu dois despachos, um com o teor sobre a rescisão de contratos com todos os trabalhadores do Ministério das Finanças em o regime de contratados, com efeitos a partir do próximo mês de outubro, por terem participado na greve, e outro despacho que dá por findos todos os estágios.  Segundo Malam Indjai, o ministro mandou para casa, através dos seus despachos, pessoas com mais de 7, 10 e 15 anos de funções no ministério das Finanças, por terem aderido à greve.

“Os atos praticados pelo Ministro das Finanças nunca aconteceram na história trágica do país. Por isso, os sindicatos do Ministério das Finanças e da Direção-geral do Tesouro e Contabilidade Pública querem dizer basta à ditadura de Mamadu Fadia, porque a Guiné-Bissau é um Estado de direito democrático, em que só a lei deve imperar”.

Malam Indjai acusou Mamadu Fadia de ter recorrido, durante os dias da greve, a um cidadão da Costa do Marfim que responde pelo nome de “Jonas”, para invadir o Sistema Integrado de Gestão dos Recursos Humanos da Administração Pública e imprimiu os salários.

“O que os guineenses não sabem é que este senhor de Costa do Marfim tem firmado um contrato com o Ministério das Finanças, no qual aufere, em consequência,  cinco milhões de Francos CFA FCFA por mês, salário superior ao do primeiro-ministro da Guiné-Bissau”, revelou.

Para o Secretário Geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio António Mendonça, os servidores públicos não devem confiar em nenhum político, como também não devem confundir os seus direitos, enquanto trabalhadores, com os dos políticos nos seus partidos, sob pena de hipotecar o futuro dos trabalhadores e dos seus filhos. Adiantou, no entanto, que aquilo que  está acontecer neste momento com os funcionários das finanças é um exemplo claro que se não lutarem, nada mudará no país.

Mendonça assegurou que a UNTG não permitirá a nenhum patronato ou governo que  retalhe os trabalhadores, pelo facto de aderirem a uma  greve, porque “pode beliscar todos os princípios consagrados nos estatutos da UNTG, que é seu guia de orientação”.

Notabanca; 24.08.2020

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