segunda-feira, 24 de agosto de 2020

INCENDIO CRIMINOSO DESTRUI MATERIAL DO SEMANÁRIO CANAL DE MOÇAMBIQUE

Ainda não são conhecidas as causas do incêndio que deflagrou na noite de 23 de Agosto, nas instalações do semanário independente Canal de Moçambique e do diário digital CanalMoz.  A polícia garante estar a investigar o caso, mas a direcção do jornal critico ao regime, não tem duvidas de que se trata de fogo posto, numa acção deliberada para acabar com a liberdade de imprensa.

Foi na noite de domingo, 23 de Agosto, que um grupo de pessoas ainda não identificadas incendiou a redacção do semanário independente Canal de Moçambique e do diário digital CanalMoz em Maputo, bidões de combustível foram encontrados no local.

De acordo com o editor executivo do Canal de Moçambique, Matias Guente, há mão criminosa.

“Provavelmente há-de ser pela linha editorial do jornal, como deve imaginar, pela forma interventiva do jornal, há muita gente que se sente incomodada com o conteúdo, que tem sido publicado e não temos a mínima dúvida de que isso é um brutal ataque a liberdade de imprensa”

A porta-voz da polícia na cidade de Maputo, Minoria Petissone revela que o caso está já em investigação. 

"Da análise preliminar houve danos materiais avultados mas sem nenhum dano humano. A polícia solicitou uma brigada técnica para efectuar um exame local e apurar as causas do incêndio. A equipa neste momento está a trabalhar com vista a esclarecer o sucedido”.

As condenações fazem-se ouvir contra este atentado ao jornal Canal de Moçambique ocorrido num dia em que o jornalista e activista Armando Nenane também foi detido pela polícia nas imediações da sua residência por razões ainda desconhecidas.

Condenações unânimes

O MISA-Moçambique considera que se está perante um “ataque” que “nunca deve ser visto de forma isolada”, pois faz parte de “forças mais retrógradas da sociedade, para reverter o processo democrático em Moçambique” e exige que as autoridades ajudem a esclarecer a ocorrência e responsabilizar os autores.

O presidente da Renamo, Ossufo Momade, principal partido de oposição em Moçambique, manifestou solidariedade ao semanário Canal de Moçambique pelo incêndio, considerando que se trata de um "grave ferimento à democracia".

O  Centro para a Democracia e Desenvolvimento - CDD - organização da sociedade civil moçambicana, considerou hoje um "atentado contra a liberdade de imprensa" o incêndio, provocado por fogo posto, na redação do Canal de Moçambique e qualificou os seus autores de mal-feitores.

Também o diretor do Centro de Integridade Pública - CIP - em Moçambique, Edson Cortez lamenta o que segundo ele, pode configurar uma tentativa de silenciamento das vozes críticas.

Notabanca; 24.08.2020

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