No balanço dos primeiros cem dias como Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló recusou interferências externas e anunciou medidas para reabilitar um país "em estado de coma".
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que não vai demitir o Governo de Nuno Nabiam, contra a exigência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. No balanço dos seus primeiros cem dias na Presidência, Sissoco Embaló disse que não vai permitir "falta de respeito" às instituições do país e disse estar contra a interferência nos assuntos internos guineenses.
Numa comunicação que durou perto de duas horas, Umaro Sissoco Embaló voltou a ignorar o contencioso eleitoral ainda em curso no Supremo Tribunal de Justiça e disse que a Comissão Nacional de Eleições é a única entidade que declara quem é vencedor das eleições.
Embaló, que assumiu o poder em fevereiro, prometeu mudar a política externa do país. E foi sobre a exigência do Conselho de Segurança da ONU, sobre a formação de um novo Governo, que se concentrou mais: "A democracia é emanação. Nem Trump [Presidente dos EUA] nem Guterres [secretário-geral da ONU] me vão dizer que demita este Governo e nomeie outro", garantiu. "Mesmo quando [o Governo] não era ainda legitimado não o faria".
"No dia 22 de maio disseram que a CEDEAO me reconheceu, eu perguntei-lhes quem eram para me reconhecer ou não e perguntei se eles é que me tinham elegido e disse-lhes que era com o povo da Guiné que tenho compromisso", continuou o Presidente guineense. "Conhecemo-nos muito bem e sei como a maior parte deles [chefes de Estado] chegaram ao poder, eu não matei ninguém para chegar ao poder".
Mão pesada para corrupção e "violência verbal"
O discurso de Sissoco Embaló no Palácio da República, em Bissau, não agradou a alguns guineenses. Para alguns observadores, como o jornalista Bacar Camará, o Presidente deveria adoptar uma postura diferente: "Não vejo a necessidade de o chefe de Estado se insurgir constantemente com posições às vezes irredutíveis", afirma. "O papel do Presidente da República é procurar aproximar as partes, mesmo estando perante uma decisão que ele acha ser já extemporânea, deveria ter uma outra abordagem sobre o assunto".
Na conferência de imprensa, o Presidente guineense anunciou algumas medidas e propostas para mudar a Guiné-Bissau nos próximos tempos, incluindo um dispositivo de Estado para monitorizar as comunicações dos cidadãos, um referendo para a mudança da Constituição e uma nova lei geral das pescas. Nos planos está ainda a construção de estradas e de um novo aeroporto internacional e a promessa de mão dura contra a corrupção: "Ninguém está acima da lei. Não há imunidade nem privilégio para quem a Polícia Judiciária ou Ministério Público procuram, nem que seja eu, vou responder", frisou.
A promessa estende-se ao círculo mais próximo: "Já o disse à diretora da Polícia Judiciária, se aqui na Presidência houver alguém que cometa corrupção, mande a carta para ir responder, se não for, no dia em que sair deste recinto que o prendam".
E também ao Parlamento: "É a mesma coisa, não há imunidade. Lugar de bandido é no lugar de bandido, não pode ser bandido e dizer que tem imunidade ou privilégio, isso não existe".
Além da corrupção, também a "violência verbal" tem os dias contados, segundo Umaro Sissoco Embaló. "Vai chegar a altura em que não existirá", garantiu, anunciando que dentro de dez dias entrará em funcionamento um dispositivo de Estado para monitorizar as comunicações que, justificou, dará segurança e tranquilidade aos cidadãos.
O líder guineense disse que o equipamento, adquirido recentemente no estrangeiro, está a ser montado e os técnicos dos Serviços da Inteligência (a secreta) estão a receber formação para o sistema estar operacional dentro de dez dias. "O Estado terá a capacidade para monitorizar os insultos sob a capa de anonimato nos órgãos de comunicação social ou nas redes sociais. Quem prevaricar será chamado à justiça para responder pelos seus atos", declarou Sissoco Embaló.
Opiniões dividem-se
O jornalista Bacar Camará reprova o exercício presidencial de Umaro Sissoco Embaló, cem dias depois: "Quatro meses volvidos, continua com os mesmos discursos da decorrentes da campanha eleitoral. Acho que é altura de o Presidente da República ter uma atitude que permita que o país volte a reconciliar-se", considera. "Seria desejável que conseguisse resolver os grandes problemas do país, levar o país a uma reconciliação efetiva".
Em Bissau, um estudante acha que ainda é cedo para avaliar a Presidência de Umaro Sissoco: "O Presidente da República não deve tomar parte em nenhuma situação. Eu acho que os cem dias ainda não dizem nada, ainda há muita coisa para esclarecer".
"Acho que isso é bom. Agora vimos coisa concretas, diferente de tempos passados. Mas quando estamos numa organização, temos de cumprir com as regras", diz, por sua vez, um funcionário público.
Notabanca; 09.07.2020
aos djabu ka nmisti interferencia di comunidade internacional ,mas odja bu na kurri kurri sê tras pa rekunhisiu bu ka sibi banan, muntrus di primeira classe.
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