O Governo guineense através do ministro da Administração Territorial e Poder Local, Fernando Dias, inaugurou, no sábado, os trabalhos de preparação do espaço cedido pelas comunidades da Arame e da Elia para o reassentamento dos populares de Djobél, pequeno ilhéu em ameaça de ser submerso há vários anos pela subida do nível de água do mar.
O novo espaço, que outrora era foco de conflitos entre as comunidades locais (Elia e Arame), duas localidades da secção de Suzana que haviam sido apontadas como ameaças a um eminente conflito na zona litoral de Suzana,
tinha sido cedido e delimitado pelas anteriores autoridades, mas no momento de preparação do terreno teria havido violação do limite delimitado, o que levou a choque de interesses entre as partes (Elia e Arame).
Depois de várias
sessões de negociações promovidas nos últimos tempos, envolvendo as próprias
comunidades, as ONG’S vocacionadas na resolução de conflitos sociais, as
organizações juvenis e as autoridades regionais, as partes decidiram,
finalmente, no último sábado, abdicar das anteriores contestações e devolveram
a parcela às autoridades para reassentar a comunidade de Djobél, que corre
sérios de riscos de desaparecer a qualquer momento, em consequência da subida
do nível das águas do mar.
A parcela
apenas está a ser delimitada neste momento, e posteriormente uma equipa do
Ministério das Obras Pública e Urbanismo, que está a seguir os trabalhos,
traçará um plano urbanístico assim que o terreno for limpo, para poder definir
a superfície total da área.
O futuro
território da população de Djobél será cortada ao meio pela estrada que liga o
setor de São Domingos à aldeia de Varela.
O Democrata
soube de fonte local que uma das comunidades da secção de Suzana terá resistido
a todas as pressões porque queria que a comunidade de Djobél esclarecesse os
motivos que a terão levado a abandonar o terreno. Imagens recolhidas no local
ilustram que na sequência de conflitos, algumas famílias que viviam nas áreas
limítofres das fronteiras entre Djobél Elia, Djobél Arame e Djobél Cassu,
comunidades com as quais faz fronteiras, terão abandonado os espaços que
ocupavam por temerem ser vítimas das consequências dos recorrentes conflitos
entre Elia aliada a Djobél e a aldeia de Arame aliada a Cassu.
Na reunião
de concertação promovida pelo ministro da Administração Territorial e Poder
Local, Fernando Dias foi crîtico contra atitudes extremistas assumidas por ambas
as comunidades, tendo avisado que jamais deixaria que a autoridade de Estado
fosse suplantado por quem que fosse.
“A
autoridade de Estado deve funcionar e o serviço de informação não poderá ficar
também intato, porque o Estado não pode ser subalternizado”, frisou, lembrando
que a oportunidade dada às comunidades ou a cada tabanca não significa que o
Estado tenha sido relegado a outros planos e alerta que qualquer resistência
isolada “terá a sua devida resposta”.
Na reunião,
os representantes das tabancas de Elia, Djobél, Arame e Cassu, foram unânimes
em querer salvar a comunidade de Djobél. Porém, apesar desta abertura, o
representante de Amare, Lobo Djibugue teceu duras críticas aos Populares de
Djobél e acusou-os de esconder a verdade quanto a sua verdadeira necessidade,
“e surpreendentemente Djobél aparece com as autoridades regionais e policiais
para reivindicar o terreno, Djobél nunca solicitara uma única reunião”, acusou.
Em reação,
Fernando Dias elogiou a colaboração das comunidades da secção em ceder espaço
aos populares de Djobel, mas alerta que os representantes do poder local
(régulos e comités) de diferentes tabancas serão os garantes da paz e
estabilidade efetiva da zona, “caso contrário serão responsabilizados judicial
e penalmente, ser houver novo derramamento de sangue”, rematou.
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