A liberdade de imprensa deteriorou-se em três dos nove países lusófonos, com a Guiné-Bissau a sofrer a maior queda e Timor-Leste a registar a subida mais acentuada no índice anual da organização Repórteres Sem Fronteiras, divulgado terça-feira.
De acordo com o índice que classifica a
liberdade de imprensa no mundo e avalia 180 países, entre os países lusófonos,
Guiné-Bissau, Brasil e Moçambique registaram piores resultados do que na
avaliação anterior, enquanto Portugal, Timor-Leste e Angola melhoraram e Cabo
Verde e Guiné Equatorial mantiveram as posições do índice anterior.
A Guiné-Bissau, que este ano surge no 94.º lugar, caiu cinco posições.
A Guiné-Bissau, que este ano surge no 94.º lugar, caiu cinco posições.
Os Repórteres sem Fronteiras (RSF)
consideram que "o impasse político" que se vive no país tem sido
"um obstáculo à liberdade de imprensa".
A organização assinala a ocupação, no
início de 2020, da sede da rádio e televisão nacionais por militares próximos
do autoproclamado Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, no contexto
da crise política surgida após a segunda volta das presidenciais de dezembro de
2019.
Na avaliação dos RSF, os media e
jornalistas do país continuam "extremamente vulneráveis" às pressões
políticas e económicas, o acesso livre à informação não está garantido e
prevalece a autocensura na abordagem às falhas governamentais, ao crime
organizado e à influência dos militares na sociedade.
O índice regista ainda a queda de dois
lugares do Brasil, que passou do lugar 105.º para 107.º, e de uma posição de
Moçambique (do 103.º para o 104.º).
Os RSF consideram que o Brasil permanece
um país "particularmente violento" para a imprensa.
"O Presidente Bolsonaro, os seus
próximos e vários membros do governo insultam e humilham regularmente alguns
dos mais importantes jornalistas e media do país, promovendo um clima de ódio e
desprezo pelo jornalismo", adianta a organização.
Em Moçambique, os RSF denunciam
"fortes pressões" e "agressões frequentes" a jornalistas
independentes.
Assinalam, por outro lado, a "quase
impossibilidade" de os jornalistas acederem ao norte do país, onde grupos
armados têm atacado localidades, pilhado e matado civis, adiantando que dois
jornalistas que o tentaram fazer ficaram detidos durante quatro meses em 2019.
Apontam, por outro lado, a cada vez
maior dificuldade de os jornalistas estrangeiros em obterem acreditações para
trabalhar no país.
Em sentido oposto, Timor-Leste subiu
seis posições no índice, passando da 84 para a 78, com a organização a
assinalar que a cobertura "relativamente livre" de episódios de
instabilidade do governo nos anos 2019-2020 "permitiu destacar o papel do
pluralismo dos meios de comunicação no exercício da democracia timorense".
Ainda assim, assinala a organização, os
jornalistas enfrentam "processos na justiça como forma de intimidação,
violência policial e difamação pública" por parte das autoridades.
Angola subiu três posições na
classificação, passando da 109 para a 106.
Os RSF destacam "os sinais
encorajadores" dados com a absolvição de jornalistas de investigação em
2018, mas assinalam que "os quatro canais de televisão, as rádios e os
cerca de vinte títulos da imprensa escrita permanecem, em grande parte, sob o
controle ou a influência do governo e do partido no poder".
"A censura e a autocensura
permanecem muito presentes", apontam os RSF, acrescentando que os
"custos exorbitantes das licenças de rádio e televisão são um freio ao
pluralismo" dos meios de comunicação angolanos".
Portugal melhorou também a sua
avaliação, passando da posição 12 para a 10 num total de 180 países.
Cabo Verde (25º), o segundo país
lusófono melhor classificado no índice, e a Guiné Equatorial (165º), o pior,
mantiveram as respetivas classificações.
Sobre Cabo Verde, os RSF destacam a
diminuição do controlo político sobre os órgãos de comunicação públicos,
apontando a decisão do Governo de abdicar da nomeação dos administradores da
televisão estatal, que passam a ser escolhidos por um conselho independente.
Sobre a Guiné Equatorial, os RSF denunciam
o "controlo total dos media" pelo Governo e a "censura
generalizada", destacando a detenção de dois jornalistas por terem
realizado uma entrevista.
Os jornalistas, que trabalhavam para uma
televisão privada propriedade do vice-presidente do país e filho do Presidente,
"Teodorin" Obiang, foram, entretanto, libertados, mas não regressaram
ao trabalho.
Dos países lusófonos, o relatório não
refere São Tomé e Príncipe.
Publicado desde 2002, o índice dos
Repórteres Sem Fronteiras fornece uma panorâmica da liberdade de informação em
180 países e territórios.
O índice avalia o desempenho dos países
em termos de pluralismo e independência dos meios de comunicação social,
ambiente e autocensura, enquadramento legal, transparência e qualidade das
infraestruturas de apoio à produção de informação.
Notabanca;
22.04.2020
Quem e quando fizeram estes estudos?
ResponderEliminarLiberdade da imprensa na Guiné-Bissau mais que o que temos? Só falto os jornalixos pedirem para se deitarem com as mulheres dos titulares de cargo público.
Isto é a sua contribuição para o país.
ResponderEliminarObrigado pela tua opinião!