O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou neste fim-de-semana que será
reformulada a lista de homens armados da Renamo a ser entregue ao Governo para
integrar guerrilheiros insatisfeitos com o processo de seu Desarmamento,
Desmobilização e Reintegração social.
Filipe
Nyusi disse que manteve uma conversa telefónica
sábado com o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo),
Ossufo Momade, e chegou a um acordo para se iniciar um novo levantamento para
contemplar militares que reivindicam a continuação do processo.
“Ainda
esta segunda-feira vai começar o registo de mais homens armados para serem
integrados (nas forças estatais)”, disse Filipe Nyusi no distrito de Machanga,
no fim da sua visita de três dias a Sofala, no centro de Moçambique.
A
autoproclamada Junta Militar da Renamo, que contesta a liderança partidária,
ameaçou na quarta-feira com acções militares se o governo moçambicano insistir
em negociar com o presidente do partido, alegando que o processo do diálogo está
a violar o espírito dos acordos de paz celebrados pelo líder histórico do
partido, Afonso Dhlakama, falecido em 2018.
Os
negociadores “estão a dizer [aos militares da Renamo]: vão a acantonamento e
vão receber dinheiro de três meses e um cabrito macho e fêmea. Isso é abuso, é
marginalizar-nos depois de uma vida nas matas”, considerou Mariano Nhungue, o
major-general da Renamo que se apresenta como líder da junta militar.
Em
declarações a imprensa, Filipe Nyusi considerou com “tendência favorável” o
andamento do processo de integração dos homens da Renamo nas forças de defesa
moçambicanas, assegurando que já instruiu o comandante-geral a “receber” os 10
oficiais da Renamo integrados na lista já entregue ao governo.
Contudo,
o presidente moçambicano reiterou o compromisso para alcançar uma paz
definitiva até Agosto, classificando de normais as diferenças no seio do maior
partido da oposição em Moçambique.
“Ainda
hoje aqui em Machanga eu falei ao telefone com o presidente da Renamo e ele me
disse que não há problemas no processo de busca pela paz”, precisou Filipe
Nyusi, acrescentando que os moçambicanos precisam de viver reconciliados.
“Não
podemos levar a debates até interromper o processo aqueles guerreiros que estão
ali interessados em terminar a guerra entregarem as armas e mergulhar-se na
sociedade, produzirem e cuidarem das suas famílias”, disse o chefe de Estado
moçambicano em alusão ao apelo do grupo para que deixe de negociar com a
liderança da Renamo.
O
Governo moçambicano e a Renamo continuam a negociar uma paz definitiva em
Moçambique, tendo as partes previsto que até Agosto, antes das eleições gerais
de 15 de Outubro, seja assinado um acordo de paz no país.
Um
dos pontos mais complexos das negociações tem sido a questão do desarmamento,
desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo.
O
principal partido da oposição exige a presença dos seus quadros no Serviço de
Informação e Segurança do Estado (SISE) e nas academias militares, o que não
tem tido resposta por parte do executivo moçambicano.
Notabanca;
29.07.2019
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