O Presidente sudanês, Omar Al-Bachir, foi destituído, na quinta-feira, em Cartum, pelas Forças Armadas, (Junta Militar) disse o ministro da Defesa, Awad Mohamed Ibn Auf, que anunciou a criação de um Conselho de Transição, que será dirigido pelos militares.
“Na qualidade de ministro da Defesa, anuncio o derrube do regime, e a prisão do seu chefe num lugar seguro”, declarou o general Awad Mohamed Ahmed Ibn Auf, na televisão estatal.
O ministro da Defesa sudanês anunciou ainda uma série de medidas a ser aplicadas durante os três meses da vigência do Estado de emergência, dentre as quais o encerramento dos aeroportos e um recolher obrigatório que iniciará às 22 horas.
Seguiu-se, em
Fevereiro, a instalação de um Estado de Emergência no país.
Terça-feira, 09 de
Abril, milhares de manifestantes começaram a concentrar-se frente ao Quartel-general
das Forças Armadas, para continuarem a exigir a demissão do Presidente Al
Bachir e a formação de um governo de transição, pelos civis e os militares.
As manifestações que
derrubaram o Presidente Omar Al-Bachir são uma reacção à degradação da situação
política e económica, ao fracasso do governo e à sua incapacidade em encontrar
soluções para as sucessivas crises que o país atravessa desde a secessão do
Sudão do Sul, em 2011.
Na sua separação do
Norte, o Sudão do Sul ficou com 75 porcento dos jazigos de petróleo, com
reservas estimadas em mais de seis mil milhões de barris.
Depois da
independência do Sudão do Sul, as autoridades de Cartum tomaram medidas de
austeridade económica que visavam eliminar o défice engendrado pela perda dos
jazigos de petróleo.
Essas consistiram na
supressão das subvenções aos combustíveis, o que provocou o aumento dos preços
dos bens de primeira necessidade.
Na altura, muitos
observadores foram unânimes em considerá-la a pior repressão protagonizada por
Al-Bachir desde que tomou o poder, através de um golpe de Estado, em 30 de
Junho de 1989.
A repressão de 2013, a
persistência da crise económica, a contínua degradação das condições de vida, a
propagação da corrupção e a impunidade dos corruptos, a sua protecção e
promoção, os privilégios concedidos às mesma pessoas, convenceram a população
a, por falta de vontade política do governo, encetar reformas e contestar as
derivas das autoridades.
As manifestações que
iniciaram em Dezembro de 2018 esbarraram com um sistema ideológico-religioso,
fanático e autoritário que geria o país há 30 anos, e que dedicava 70 % do
Orçamento do Estado ao aparelho de segurança e militar.
Mas, o facto de a
partir de terça-feira última, vários militares desertarem e juntarem-se aos
manifestantes em frente ao Quartel-general das Forças Armadas, e o de a Polícia
vir a declarar oficialmente que não se associava às Forças que reprimiam a
população, foi um passo gigante, uma incontornável fissura que debilitou o
poder do Presidente Al Bachir, levando ao seu derrube nesta quinta-feira.
O Sudão, um país
milenar que fez parte da antiga Núbia, tornou-se independente do Reino Unido,
em 1956.
Desde 30 de Junho de
1989, o país era dirigido por Omar Al-Bashir e o seu partido, o Congresso
Nacional, coligado às castas muçulmanas.
Militar, Omar
Al-Béchir aderiu às Forças Armadas aos 16 anos de idade e, por várias vezes,
participou no Egipto, em combates contra Israel.
Em 1989, toma o poder
através de um golpe de Estado contra Sadiq al-Mahdi, lança uma purga, e
instaura um regime Islâmico-militar, introduz a xaria e alberga terroristas,
entre os quais Oussama Bin Laden, o que levou os Estados Unidos da América a
colocá-lo na lista negra.
As sangrentas guerras
que levou a cabo contra a região de Darfour fizeram com que, em 2009, o TPI
emitisse um mandado de captura conta si, por genocídio, crime de guerra e
crimes contra a humanidade.
Notabanca; 12.04.2019
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