O Fundo de Consolidação da Paz das Nações Unidas (PBC) vai apoiar cinco novos projectos de desenvolvimento, da estabilidade, comunicação social, dos líderes rurais e justiça restaurativa, para formar lideres nas comunidades, garantir a independência dos media e incentivar a participação da sociedade civil na construção da Paz na Guiné-Bissau.
Em entrevista à ONU News, em Bissau, a coordenadora do Fundo para a Consolidação da Paz, Janet Murdock, disse que os novos projetos vão reforçar as estruturas humanas que já se encontram no terreno.
"Muitas pessoas consideram o desenvolvimento e a paz como sinónimos, se não há paz significa que não existe desenvolvimento e vice-versa", diz Murdock.
Ainda afirmou que na primeira fase do projeto de consolidação da paz na
Guiné-Bissau, foi investido muito dinheiro nas infraestruturas, a título de
exemplo, citou a construção das casernas militares, frisando que actulamente
não se vê o resultado disso.
Declarou que a consolidação da paz
como vemos hoje em dia, está mais ligada ao fortalecimento das infraestruturas humanas,
que é o interior das pessoas, que
permite para que os seus desenvolvimentos sejam sustentáveis.
Janet defendeu que é preciso reforçar medidas junto aos resultados dos
primeiros anos do projeto, aumentando a percepção sobre o que é a consolidação
da paz e focando neste cinco novos projectos.
A coordenadora do Fundo para Consolidacao da Paz questiona como é que vai haver desenvolvimento se as
pessoas não têm a capacidade de negociar, de dar a palavra, de ser confiável,
responsáveis, hábeis em negociar de boa-fé para chegar a um acordo e de fazer
consensos.
Este responsável ainda salientou que a consolidação da paz deve focar-se
mais em desenvolver essas capacidades humanas para que haja relacionamentos fortes.
“Os projetos estão muito mais focalizados em criar essas capacidades
internas das pessoas do que em construções das infraestruturas e
reabilitações”, referiu.
Disse ainda que a promoção do diálogo político nacional que levarão a cabo,
pretende envolver mais setores guineenses com o apoio de parceiros
internacionais, nomeadamente, o PNUD e o Departamento dos Assuntos Políticos da
Gabinete Integrado para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, Uniogbis e que
querem mobilizar a participação das mulheres, da juventude e da sociedade civil
para o processo de estabilização do país.
E também para permitir que a sociedade civil tenha a voz no pacto de
estabilidade que será assinado pelos atores políticos para acabar com o ciclo
de instabilidade governativa.
No sector da estabilidade, segundo ela, a meta do projecto é garantir a
estabilidade política e institucional em que se promova uma mudança de baixo
para cima e não ao contrário, acrescentando que as duas agências trabalham com
40 organizações com mais protagonismos no processo da estabilidade do país.
A coordenadora do Fundo para a Guiné-Bissau disse ainda que o projeto apoia
as autoridades guineenses na realização da Conferência Nacional sobre a
reconciliação para viabilizar um modelo para a reconciliação dos guineenses.
Para o sector dos media, o Fundo para a Consolidação da Paz quer garantir a
maior independência dos órgãos de comunicação social para evitar conflitos e
possibilitar a sua participação na
construção de paz.
Lembrou ainda que na capital guineense e no interior do país, decorre um
projeto que pretende garantir a independência económica dos órgãos de
comunicação social, frisando que a meta é que estes sejam mais autónomos
durante e após o período eleitoral.
Disse que se baseia na formação dos jornalistas para a produção de novos
conteúdos, que não gerem conflitos.
Sobre os líderes rurais, Janete disse que nas regiões de Cacheu e Gabu, um
projeto da PBC incentiva a liderança dos jovens que vivem no campo, salientando
que a ideia é que os formandos criem uma rede de formadores que serão capazes
de administrar formação.
“Os objetivos do projecto neste sector, é de formar os jovens do campo para
administrar os seus recursos naturais, resolver conflitos, género e temas que
vão permitir o debate de jovens e seu envolvimento na vida política do país”,
frisou.
Afirmou que a ideia é permitir que estes também tomem decisões e ajudem a
preservar recursos naturais da sua comunidade.
Janet Murdock disse ainda que o projecto pretende alfabetizar mais mulheres
e jovens para que possam participar em decisões nas suas comunidades.
"Haverá formação das alas jovens dos partidos políticos antes das
eleições previstas para o mês de novembro. O objetivo é proporcionar um espaço
de reflexão sobre o que realmente a juventude quer para este país e como
contribuir para a comunidade, independentemente das cores partidárias ou de
quem vier a ganhar eleições”, disse a concluir.
Notabanca; 11.09.2018
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