domingo, 8 de janeiro de 2017

GRAVIDAS MORREM POR FALTA DE ANESTESISTAS E GUINÉ-BISSAU SÓ TEM UM PARA TODO O PAÍS
Uma mulher de 24 anos entrou no bloco operatório a esvair-se em sangue. Morreu em 20 minutos numa mesa de operações do Hospital Simão Mendes, em Bissau, vítima da urgência mais comum no país: um parto que requer cesariana.
Ter o primeiro filho, mas nem ela nem o bebé resistiram a uma viagem de centenas de quilómetros com uma hemorragia no útero, recorda Ramón Soto, o único anestesista de que o Estado guineense dispõe para satisfazer cerca de milhão e meio de habitantes. 
A taxa de mortalidade materna do país é a maior do mundo lusófono: morrem 549 mulheres por cada cem mil nascimentos (em Portugal são dez por cada cem mil, dados da Organização Mundial de Saúde de 2015).
A maioria dos partos acontece sem um profissional qualificado, acompanhamento que só é uma realidade para 45% das mães, segundo os dados do Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MICS) de 2014.
Na sala de operações, "às vezes pede-se uma epinefrina [estimulante cardíaco] e não há ou o carro de reanimação não está completo ou faltam medicamentos e tudo isso é fundamental para uma anestesia em segurança", descreve, ao falar dos sobressaltos que o consomem, Disse a Lusa.
Mais difícil ainda vai ser o trabalho dos técnicos em anestesia que está a formar, que podem ter que improvisar com menos meios do que na capital.
"São precisos mais especialistas e mais recursos", acrescenta Soto.
Para já, em abril de 2017, haverá mais 35 técnicos em anestesia para darem esperança numa frente renovada de combate à mortalidade materno-infantil fazendo mais cesarianas nas regiões.
Notabanca;08.01.2017

Sem comentários:

Enviar um comentário