PLANO DE PAZ DA UCRÂNIA VAI SER ATUALIZADO DEPOIS DE CONVERSA "PRODUTIVA". "QUALQUER ACORDO NÃO PODE SER FEITO SOBRE AS CABEÇAS DE EUROPEUS E UCRANIANOS”
O plano de paz de Donald Trump para a Ucrânia gerou uma forte reação internacional. O documento de 28 pontos exigia que Kiev cedesse território no Donbas a Moscovo, limitasse o tamanho das suas forças armadas a 600.000 soldados e renunciasse permanentemente à adesão à NATO, além de abrir caminho para futuros projetos económicos favoráveis aos EUA com ativos russos congelados
As
negociações entre os EUA e a Ucrânia em Genebra resultaram num “sucesso
decisivo” para os interesses europeus, segundo o ministro dos Negócios
Estrangeiros da Alemanha, Johann Wadephul. Afirmou que questões sensíveis
para a Europa, incluindo uma aparente proibição de adesão da Ucrânia à NATO,
foram retiradas do plano de paz de 28 pontos, sublinhando que “qualquer acordo
não pode ser feito sobre as cabeças de europeus e ucranianos”.
A
Casa Branca descreveu os encontros como “extensos e produtivos” e afirmou que
os responsáveis ucranianos viram as suas principais preocupações — incluindo
garantias de segurança e soberania política — “plenamente abordadas”. Foram
feitas “revisões e clarificações” ao plano inicial, e os ucranianos consideram
que a versão atual protege os seus interesses nacionais e oferece mecanismos
credíveis e executáveis para salvaguardar a segurança do país a curto e longo
prazo. Ambas as partes congratularam-se com o progresso constante e concordaram
em continuar as consultas até à finalização do acordo. O secretário de Estado
dos EUA, Marco Rubio, descreveu os avanços como “enormes” nas negociações para
um acordo de paz.
O
plano inicial foi visto pelos aliados europeus da Ucrânia como fortemente
pró-Rússia e “inaceitável”, provocou uma reunião urgente no G20 em Joanesburgo,
com líderes como Emmanuel Macron, Ursula von der Leyen, Keir Starmer, Friedrich
Merz e Mark Carney a coordenarem respostas e a reiterarem que qualquer acordo
não poderia alterar fronteiras à força nem comprometer a soberania ucraniana,
avança o Politico.
A
23 de novembro, altos representantes da Ucrânia, EUA e Europa reuniram-se em
Genebra para negociações de alto nível. A delegação ucraniana, liderada por
Andriy Yermak, trabalhou com representantes dos EUA — incluindo Marco Rubio,
Dan Driscoll e Steve Witkoff — e conselheiros europeus do Reino Unido, França e
Alemanha. Zelensky e os seus aliados procuravam equilibrar a necessidade
crítica de manter o apoio militar e de inteligência dos EUA com a proteção da
soberania ucraniana. O The Guardian cita Rubio que
descreveu os progressos como “tremendos” e “substanciais”, afirmando que alguns
pontos permaneciam abertos, mas que as revisões apresentadas refletiam os
interesses nacionais ucranianos. Zelensky indicou sinais de que a equipa de
Trump estava a ouvir as suas preocupações, destacando a necessidade de um
acordo que respeitasse a dignidade da Ucrânia.
Enquanto
decorriam as negociações, a Rússia manteve ataques, incluindo bombardeamentos
com drones em Kharkiv que provocaram quatro mortes e ferimentos em civis,
sublinhando a urgência de uma solução pacífica. Paralelamente, os aliados
europeus apresentaram uma alternativa ao plano de Trump, mais favorável a Kiev:
sugeriam que negociações territoriais só começassem após um cessar-fogo,
mantendo a linha de contacto existente e com supervisão dos EUA, não exigiam a
retirada de cidades controladas pela Ucrânia no Donbas, não excluíam a futura
adesão à NATO e propunham um limite militar de 800.000 soldados, superior ao do
plano norte-americano. Também incluíam medidas como a partilha da estação
nuclear de Zaporizhzhia com a Agência Internacional de Energia Atómica e a
utilização de ativos russos para reconstrução da Ucrânia, em vez de concedê-los
a investidores norte-americanos.
O plano de Trump está
envolto em controvérsia quanto à sua autoria, com relatos de que teria sido
redigido em Moscovo que foram negados por Rubio, de acordo com a BBC, que insistiu que o documento refletia contribuições da
Ucrânia e da Rússia. Alguns senadores norte-americanos e diplomatas europeus
consideraram o plano como um “non-starter”, dado o risco de comprometer
a soberania ucraniana e enfraquecer a posição estratégica da Europa e da NATO.
Ao mesmo tempo, Trump oscila entre exigir uma decisão rápida de Zelensky,
chegando a ameaçar cortar apoio militar e de inteligência, e afirmar que o
plano não é a sua oferta final, abrindo a porta a alterações. A diplomacia continua
intensa, com negociações em Genebra a prosseguir e sinais de progresso, mas num
contexto de guerra ativa, ataques russos e elevada pressão política sobre
Zelensky.
Notabanca; 24.o11.2025

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