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quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Opinião: “INCONGRUÊNCIA NO CNC: MÚSICAS DE CANDIDATOS EM ANIMAÇÕES RADIOFÓNICAS VIOLAM OU NÃO O CÓDIGO DE CONDUTA?”

“AS VOSSAS MÃOS SÃO MUITO PEQUENAS PARA TAPAR O CÉU.” – MAMANDIN INDJAI

Estamos nas eleições legislativas e presidenciais, que devem ser livres, justas e transparentes, como sempre afirmam não apenas os observadores, mas também os cidadãos e as organizações da sociedade civil. Contudo, desde a abertura democrática, se analisarmos a fundo, nunca tivemos liberdade, justiça e transparência eleitoral. Muitos eleitores esperam uma contrapartida imediata para votar, a clarividência das instituições ligadas ao processo, desigualdade de oportunidades nas corridas eleitorais, e escrutínios na Guiné‑Bissau são fatores culturais e tradicionais nefastos na democracia guineense. Assim, as eleições no país carecem dos princípios da liberdade, da justiça e da transparência, muito menos se pode falar da “credibilidade eleitoral”.

O absurdo é a declaração do Conselho Nacional de Comunicação Social, que assegurou ontem que não houve violações do código nem dos princípios que regulam o comportamento das partes interessadas nas eleições ( órgãos de comunicação social). Talvez esteja em curso um plano de tentar tapar o céu com as próprias mãos. O que diz esse CNC sobre os órgãos que veiculam músicas de candidatos por conveniência política nas respetivas animações radiofónicas? Isso viola ou não o código de conduta? – Uma incongruência injustificável!

O que diz ainda esse Conselho Nacional de Comunicação Social sobre conteúdos insultuosos nos programas matinais das rádios, sobre notícias que fazem menções ao tribalismo e à divisão étnico‑religiosa, sobre mensagens de ameaças étnicas por causa das eleições publicadas e emitidas em alguns órgãos, e sobre jornalistas que usam símbolos de certas sensibilidades políticas até nas apresentações dos serviços noticiosos? Por favor! As vossas mãos são muito pequenas para tapar o céu.

É um erro pensar que um gesto tão sutil possa “tapar o céu” da democracia; ao contrário, ele apenas escurece a linha que separa a informação do entretenimento. A sociedade precisa reconhecer que a verdadeira força está na transparência e no direito de ouvir todas as vozes, sem artifícios que tentem encobrir a realidade. Se a censura vem disfarçada de diversão, cabe a nós, cidadãos atentos, levantar a voz e lembrar que nenhum poder é grande o bastante para esconder o que o céu já revela.

Rever o relatório e trabalhar com alguma dose de seriedade! Estão em jogo as vidas das mulheres, das crianças, dos jovens e dos adolescentes. O presente e o futuro de um povo que está a ser decidido.

Por: Mamandin Indjai, professor e jornalista

Notabanca; 08.12.2025 

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