LAGOAS DE CUFADA EM RISCO DEVIDO À ACÃO HUMANA
Ambientalistas alertam que o maior parque de água doce da Guiné-Bissau, no sul do país, está sob forte ameaça, que coloca em risco a existência de muitas espécies, sobretudo plantas e animais.O Parque Natural das Lagoas de Cufada é uma área protegida localizada na região de Quinara, sul do país, e situa-se entre dois grandes rios daquela região, Rio Grande de Buba e o Rio Corubal.
O parque é classificado como Sítio Ramsar-Zona Húmida
de importância mundial.
A reserva, no entanto, está ameaçada, segundo o
adjunto diretor do Parque das Lagoas de Cufada.
Sadja Mané precisa algumas ações com
consequências graves, como "o corte e a degradação da floresta, venda
ilegal de terrenos, desmatação irregular e pesca não sustentável no Rio Grande
de Buba".
Mané acrescenta que "com todas essas atividades, nomeadamente queimadas descontroladas da mata para a plantação de cajueiro, não há como negar que isso vai pôr em causa o próprio estado natural do Parque da Lagoa de Cufada, o que pode trazer a seca e a consequente falta de água".
Aquele responsável alerta que não há água, portanto haverá doenças, "com consequências não só para a comunidade local, como também para o Estado guineense, enquanto signatário das convenções sobre o ambiente".
Por seu lado, a
bióloga Nem Biai adverte, também, que ações humanas como pesca irracional e
desmatamento ilegal da floresta são fortes ameaças.
"Quando você desmata está a tornar o solo mais frágil e o que é que
acontece? As raízes são arrastadas directamente para a água e quando chegam na
água desequilibram o ambiente, levando a morte de vários organismos [espécies].
Contudo, há espécies que vão resistir, devido às suas características
biológicas, mas muitas acabam por não resistir, o que leva à extinção de
espécies. Ou seja, nestes ambientes podem haver espécies endémicas, quer dizer
espécies que não se encontram mais noutros lugares. E quando tem espécies
endémicas e elas forem atingidas, morrem", diz Biai.
A especialista acrescenta ainda os efeitos da pesca não sustentável, já que, afirma Biai, "quando se tira uma espécie que come a outra, num ambiente, você está a impedir que a outra espécie que ela come seja regulada".
O PAPEL DAS COMUNIDADES
Ante este cenário, os especialistas consideram fundamental o papel das comunidades para contrapor estas ameaças.
Notabanca; 23.03.2024
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