OPOSIÇÃO GUINEENSE DE MÃOS DADAS EM PARIS PARA REMOVER O REGIME DE SISSOCO EMBALÓ
Mais de dez líderes políticos da oposição reúnem-se em
Paris para assinar um acordo que visa solucionar o impasse político na
Guiné-Bissau. Em entrevista à DW, porta-voz da comissão antecipa um acordo
histórico.
Mais de dez líderes políticos da oposição guineense reúnem-se em Paris para assinar um acordo que visa solucionar o impasse político na Guiné-Bissau.
Esta cimeira ocorre
depois de fracassarem várias tentativas da oposição de convocar protestos de
rua contra a permanência de Umaro Sissoco Embaló na Presidência da República,
cujo mandato de cinco anos terminou em fevereiro.
As estratégias para pressionar Embaló a retomar a
normalidade constitucional não têm funcionado.
Nesta quinta e
sexta-feira (24 e 25.04), Domingos Simões Pereira, Nuno Gomes Nabiam, Baciro
Djá e Aristides Gomes, todos ex-primeiros-ministros, juntam-se aos demais
líderes políticos, como Braima Camará (MADEM-G15), Fernando Dias (PRS) e Agnelo
Regala (União para a Mudança), para apresentar um plano de ação conjunta
para "resgatar a democracia" na Guiné-Bissau.
Em exclusivo à DW
África, Flávio Baticã Fereira, porta-voz da comissão organizadora da
reunião, revela alguns detalhes do que estará em cima da mesa na capital
francesa.
DW África: Qual é o
objetivo desta cimeira de líderes?
Flávio Baticã Fereira
(FBF): Vai acontecer um ato histórico. Creio que é a primeira vez que
políticos guineenses estão em França para uma assinatura desta envergadura.
Estamos a tentar
reunir os políticos da Guiné-Bissau aqui
em França para poderem discutir o impasse político que prevalece em Bissau há
décadas.
DW África: O que será
assinado em Paris?
FBF: Um acordo de
Paris. Não quero adiantar o conteúdo, mas é um acordo que é bom para o país,
para os guineenses e também para nós. Não tenho autorização para avançar mais
dados, mas serão os líderes dos partidos políticos a discutir e a chegar a uma
solução para a saída da crise na Guiné-Bissau.
Presidentes da Guiné-Bissau e França são aliados políticosFoto: Ludovic
Marin/AFP/Getty Images
DW África: O acordo
está relacionado com a ideia de formar uma "frente única" para eleições
ou é apenas uma proposta para resolver a crise política no país?
FBF: É tentar uma solução
para sair da crise. Como sabe, hoje vivemos num não-Estado. O único órgão ainda legal
na Guiné-Bissau é a Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular, que
está impedida de funcionar. Esse acordo vai-se basear no restabelecimento da
ordem constitucional, para que possamos encontrar uma saída airosa desta situação.
Agora, uma
"frente única" contra quem? Sissoco? Não sei se vale a pena. Mas
caberá aos líderes políticos encontrarem uma solução. São duas grandes
plataformas, dirigidas por Nuno Nabiam e Domingos Simões Pereira. Haverá um
documento em cima da mesa para discutir os pontos. A partir daí, a ordem do dia
será assinada e veremos como sairemos dessa reunião já a partir de amanhã.
DW África: Porque é
que esta cimeira decorre em Paris e não em Bissau?
FBF: Nós escolhemos Paris
porque, como sabe, a Guiné-Bissau faz parte da Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental (CEDEAO), que está praticamente dominada pela francofonia.
Assinando um acordo aqui em Paris, com a mediatização que poderá haver em
França, poderá atingir todos os países da CEDEAO e o continente africano em geral.
Houve vários acordos e
reuniões em Portugal, e achamos que a lusofonia já compreendeu perfeitamente o
que se passa na Guiné-Bissau, mas essa outra parte [francófona] carece de
informações sobre Bissau. Esta plataforma que vamos criar aqui poderá projetar
a Guiné-Bissau na boca do mundo. Aqueles que apoiam o Presidente
Sissoco podem assim compreender melhor o que se passa em Bissau.
DW África: Isto é um
recado para Emmanuel Macron, que tem sido parceiro de Sissoco Embaló?
FBF: Também. Fomos recebidos no Ministério dos Negócios Estrangeiros na semana passada, e explicámos a situação do nosso país. Curiosamente, o nosso ato vai acontecer a cerca de 100 ou 200 metros do Palácio do Eliseu, na mesma rua, quase frente a frente. Não terá como não se aperceber que a Guiné-Bissau está reunida à sua frente.
Notabanca; 24.04.2025
Grupo de guineenses exige fim do mandato de Sissoco Embaló


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