ZELENSKY GARANTE QUE KIEV QUER "A PAZ ASSIM QUE POSSÍVEL"
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assegurou hoje que quer
"a paz assim que possível", antes de uma reunião entre Estados Unidos
e Ucrânia, na próxima semana, e após críticas norte-americanas de que Kiev se
recusava a negociar com Moscovo.
“Um trabalho muito intensivo com a equipa do Presidente [norte-americano, Donald] Trump tem decorrido durante todo o dia, a diferentes níveis, com muitos telefonemas. O tema é claro: a paz assim que possível”, declarou Zelensky no seu discurso diário, transmitido nas redes sociais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriï Sybiga, defendeu
hoje que a liderança dos Estados Unidos é “essencial” para alcançar uma “paz
duradoura” na Ucrânia, após uma conversa telefónica com o secretário de Estado
norte-americano, Marco Rubio.
“A Ucrânia deseja o fim da guerra e a liderança dos Estados Unidos é
essencial para alcançar uma paz duradoura”, escreveu o chefe da diplomacia de
Kiev na rede social X, ao relatar o que debateu com o homólogo norte-americano.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de
proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país
vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e
que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se
da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os
lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da
Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de
Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península
da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
As Forças Armadas ucranianas confrontaram-se, durante o terceiro ano de
guerra, com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas
promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram depois a
concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu
avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de
Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano
cessante, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos
Estados Unidos para atacar a Rússia.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a
primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a
anexação de uma parte do seu território.
A novidade é que agora também o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, quer terras: terras raras, ricas em minerais essenciais para inovações
tecnológicas, que vão desde veículos elétricos e turbinas eólicas a aviões de
última geração, em troca da ajuda militar que Washington lhe forneceu e que
entretanto suspendeu.
Antes de regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial,
Trump defendeu o fim imediato da guerra na Ucrânia, asseverando que o
conseguiria em 24 horas, mas não foi bem-sucedido até à data.
Trump tem exigido um cessar-fogo imediato e, numa discussão sem precedentes
ao receber na Sala Oval da Casa Branca o homólogo ucraniano, perante a
comunicação social, criticou Zelensky por não estar “pronto para a paz”,
disse-lhe que ele “não tinha as cartas” para ditar os termos do fim da guerra e
acabou por congelar a ajuda militar dos Estados Unidos, essencial a Kiev,
depois de o Presidente ucraniano abandonar Washington sem assinar o acordo
sobre as terras raras.
Na quarta-feira, o chefe de Estado norte-americano admitiu restabelecer a
ajuda à Ucrânia se as conversações de paz forem retomadas, segundo o
conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, Mike Waltz.
Zelensky e Putin garantiram em várias ocasiões que estão prontos para
negociações de paz, mediante determinadas condições, mas nada foi materializado
e continuam em lados opostos.
A Ucrânia pede
garantias sólidas de segurança aos seus aliados, para evitar que Moscovo volte
a atacar, ao passo que a Rússia quer uma Ucrânia “desmilitarizada” e que
entregue os territórios que a Rússia afirma ter anexado, o que Kiev considera
inaceitável.
Notabanca; 08.03.2025

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