MERCENÁRIOS E MILITARES DO MALI MATAM MAIS DE 20 PESSOAS INCLUINDO MIGRANTES
Mais de vinte civis, incluindo migrantes
que viajavam ilegalmente para a Argélia, foram mortos hoje no norte do Mali
quando os seus veículos foram atacados por mercenários do grupo russo Wagner e
soldados malianos, segundo a AFP.
Um familiar do condutor de um dos dois veículos de transporte rodoviário, contactado pela agência de notícias France Presse em Gao, a principal cidade do norte do Mali, confirmou o incidente mortal.
"O condutor do primeiro veículo é meu
primo. No dia 16 de fevereiro, saiu de Gao carregado de 'aventureiros'
(candidatos à emigração clandestina para a Europa) e de nómadas", disse a
fonte sob condição de anonimato.
"De Gao, dirigiam-se para a Argélia.
Cruzaram-se com um grupo de mercenários wagnerianos e com alguns soldados
malianos que dispararam contra eles. Todos os que estavam no primeiro carro
morreram. O meu primo também", relatou.
Citando um sobrevivente do segundo
veículo, que também foi visado mas que conseguiu escapar, este familiar do
condutor acrescentou que "várias pessoas morreram também no segundo
veículo".
"Quando o meu primo saiu de Gao,
havia 15 pessoas no seu veículo. Mas ele costuma levar passageiros durante o
trajeto", acrescentou.
Uma fonte militar maliana em Gao disse que
"as investigações estão a decorrer (...) O exército não matou
ninguém".
O exército maliano ainda não reagiu
oficialmente.
"O que aconteceu é grave. Os civis
foram mortos nos dois veículos na região de Tilemsi", disse à AFP um
membro do governo da região de Gao.
"No total, pelo menos 20 pessoas
foram mortas nos dois veículos", disse.
Num comunicado a Frente para a Libertação
do Azawad (FLA) - uma coligação pró-independência do norte - denunciou a
continuação da "limpeza étnica levada a cabo pela junta de Bamaco contra a
população do Azawad".
"A 17 de fevereiro de 2025, dois
veículos de transporte de civis que se dirigiam de Gao para a Argélia foram
intercetados pela coligação terrorista FAMA (Forças Armadas do Mali)/Wagner.
Entre os passageiros, pelo menos 24 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram
friamente executadas pelo exército maliano e pelos mercenários russos de
Wagner", continua o comunicado de imprensa.
A FLA "condena com a maior veemência
estes massacres de civis inocentes", acrescenta o comunicado.
Desde que tomaram o poder através de golpes
de Estado no Mali, em 2020 e 2021, os militares romperam a sua aliança de longa
data com a antiga potência colonial francesa e viraram-se militar e
politicamente para a Rússia.
Desde 2012, o Mali tem sido assolado pelas
atividades de grupos filiados na Al-Qaeda e no Estado Islâmico (EI), bem como
pela violência de grupos comunais e criminosos.
Notabanca; 18.02.2025

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