sábado, 10 de novembro de 2018

MGD EXIGE DO FÓRUM JUDICIAL INVESTIGAR ACUSAR JULGAR E CONDENAR ATORES DE TORTURA EM BISSAU
Movimento Guineense para o Desenvolvimento
Nota de Imprensa nº 4/2018
ASSUNTOS: Espancamento dos Estudantes guineenses e a Paralização do Ano Lectivo
O Movimento Guineense para o Desenvolvimento (MGD) preocupado com a situação no setor do ensino público na Guiné-Bissau, tem acompanhado o impasse na negociação entre o Governo e os Sindicatos do setor do ensino.

O tal impasse culminou com a greve dos professores e a paralisação do funcionamento das escolas públicas do país há mais de quarenta dias e, consequentemente, originou o atraso do início do ano letivo 2018/2019 que está a afetar milhares de estudantes e coloca em risco o referido ano letivo. As diligências dos sindicatos junto ao Governo não têm sido satisfeitas e até então não foi encontrada nenhuma abertura para uma negociação por parte do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior, obrigando as associações estudantis a promoverem uma manifestação pública pacífica.


O MGD, enquanto partido político que perfilha a ideia de diálogo permanente entre as instituições, o respeito e a promoção dos direitos, das liberdades e das garantias dos cidadãos e o respeito pela dignidade da pessoa humana, vem tecer as seguintes considerações:

1.      O Governo liderado por Aristides Gomes deve mostrar uma rápida abertura à negociação e cumprimento do memorando assinado pelos sindicatos dos Professores, SINAPROF e SINDEPROF, respetivamente;

2.      Responsabilizar todos os partidos políticos que compõem este elenco governamental pela incapacidade e falta de vontade política de pôr ao fim esta cíclica paralisação no setor do ensino;

3.      O Presidente da República que assuma a sua responsabilidade na qualidade de Chefe de Estado, árbitro do sistema político adotado, mediador dos conflitos entre as instituições políticas e sociais e garante da Constituição e demais leis consagrados no ordenamento jurídico guineense;

4.      Exigir aos Tribunais, ao Ministério Público, e aos outros Órgãos da Soberania incumbidos com a missão de fazer a justiça em nome do Povo, no sentido de investigar, acusar, julgar e condenar todos atores do crime de tortura contra os estudantes, porque aos olhos do Direito, trata-se de um crime semipúblico, que consubstancia na violação do direito à integridade física e moral dos estudantes espancados;

5.      A Comunidade Internacional e corpos diplomáticos acreditados no país no sentido de não pactuar com desrespeito dos direitos à educação universal e direito à manifestação pacífica e condenar publicamente a violação dos direitos dos professores e dos estudantes;



Destarte, a situação que aconteceu, no dia 8 de Novembro, durante a manifestação pública e pacífica organizada pelos estudantes, que segundo a Lei Magna da Guiné-Bissau, a Constituição de República, a manifestação pacífica constitui o exercício do direito consagrado nos termos do número 2, do artigo 54º, que rege o seguinte: “A todos os cidadãos é reconhecido o direito de se manifestar, nos termos da lei”. Ora bem, os direitos, liberdades, e garantias vinculam as entidades públicas e privadas, em que todos devem obedecer e cumprir as normas consagradas na Constituição da República, por isso, o MGD, condena:

1.      A atuação física e espancamentos dos cidadãos indefesos na manifestação por parte das forças de defesa e segurança, que decorreu ontem, dia 8 de Novembro. Constata-se, na Lei Magna da Guiné-Bissau, nos termos do nº 1, do artigo 21º “As forças de segurança têm por função defender a legalidade democrática e garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos e são apartidárias, não podendo os seus elementos, no activo, exercer qualquer actividade política”.

Ainda face aos acontecimentos de 8 de Novembro, o MGD tece as seguintes considerações:

1.      A missão do Estado, através do Governo, é de promover o acesso gradual e gratuito à educação a todos cidadãos aos diversos graus de ensino e trabalhar, afincadamente, para erradicar o analfabetismo, nos termos da Constituição da República, nº 2, do artigo 49º.

2.      O MGD não compreende o comportamento do Governo e do Primeiro-ministro, Aristides Gomes, que declarou publicamente que não tem a missão de resolver os problemas do setor do ensino. Considerando que a responsabilidade de governar um País implica o cumprimento e a realização de todas políticas públicas no Estado, estranha-nos a abstenção do Chefe do Governo em relação aos problemas sociais do país.

3.      O MGD não coaduna com o uso excessivo de força por parte das Forças de Segurança, desrespeitando o princípio de proporcionalidade, adequação e da necessidade no cumprimento dos deveres ilegais e inconstitucionais do órgão hierarquicamente superior, seja quem for, porque num Estado de Direito Democrático, os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, às liberdades e às garantias são directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas.

4.      O MGD congratula-se com as ações dos sindicatos de defender os interesses dos seus associados consagrados na Constituição da República e nas demais leis vigentes no ordenamento jurídico guineense, encorajando-lhes a proceder a luta pelo respeito, dignidade, e  o bem-estar social e económico de todos os professores e alunos.

5.      O MGD reafirma o seu total apoio à acão de reivindicação para a abertura do ano letivo 2018/2019 e encoraja as associações estudantis de continuar a luta por um sistema de educação de qualidade para todos os cidadãos, porque não só constitui um direito inalienável, mas também é o dever do Estado guineense respeitar a Constituição da República, a Declaração Universal do Direitos Humanos, a Carta Africana dos Direitos do Povo e o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável que a Guiné-Bissau assinou e comprometeu a cumprir, no quadro da promoção da educação de qualidade.

6.      Endereçar à classe estudantil, particularmente aos estudantes espancados e às suas famílias a nossa profunda tristeza e consternação pelo ato bárbaro e cruel de espancamentos e lançamento do gás lacrimogêneo aos manifestantes indefesos na manifestação pacífica e ordeira.





PELA PAZ, JUSTIÇA E DESENVOLVIMENTO



Bissau, 09 de Novembro de 2018

A Direção Nacional do MGD

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