“ACORDO DE CONACRI É UM NADO MORTO”-DIZ LÍDER DOS QUINZE
Braima Camará desvaloriza o acordo para resolver a
crise guineense, insiste na reintegração do grupo dos 15 deputados e apoia a
realização de uma sessão extraordinária no Parlamento para preparar eleições.
"O Acordo de Conacri é um nado morto",
depois da direção do PAIGC ter realizado o seu último congresso sem a
reintegração dos 15 deputados dissidentes do partido. É o que diz Braima
Camará, líder do grupo, para quem "a solução para a crise política na
Guiné-Bissau está nas mãos dos próprios guineenses", embora seja
importante o apoio dos parceiros internacionais.
O deputado espera que a possível mediação do bispo de
Bissau, sob proposta do Presidente da República, José Mário Vaz, seja o caminho
para uma solução duradoura para o prolongado impasse político no país.
De acordo com DW, o grupo dos 15 dissidentes do PAIGC apela ao diálogo e
tolerância para ultrapassar a crise prolongada que afeta o país, agravada com o
afastamento dos 15 deputados da Assembleia Nacional Popular.
Em entrevista à DW África, Braima Camará garante que o
grupo tem "disponibilidade total para um diálogo profundo, sincero, com a
consciência clara de que a resolução dos problemas da Guiné-Bissau depende dos
guineenses".
"Nós, enquanto deputados da nação, dissidentes do
PAIGC, estamos disponíveis. O país está cansado, o povo está cansado.
Queremos virar a página, queremos dialogar e estou convencido, efetivamente,
que vamos a breve trecho conseguir chegar a um entendimento", sublinha.
Para Braima Camará, "os guineenses têm, definitivamente, a obrigação de
aprender a andar com os seus próprios pés".
CEDÊNCIAS E MEDIAÇÃO
As propostas para a solução da crise política
implicariam cedências das partes, mas também o aprofundamento do diálogo para a
reintegração dos 15 deputados dissidentes, diz Braima Camará. Esta
reintegração, explica, passaria pela anulação do congresso de fevereiro do
PAIGC pelo Supremo Tribunal de Justiça, uma vez que, realizada a iniciativa sem
que os deputados tenham sido reintegrados no partido, a implementação do Acordo
de Conacri fica "ainda mais" complicada.
Braima Camará desvaloriza o acordo, classificando-o
como um "instrumento caduco" que não contribuiu para resolver a crise
guineense. Por outro lado, acrescenta, há um conjunto de "iniciativas
estratégicas" por parte do Presidente José Mário Vaz, para se
encontrar uma saída.
Uma das vias passa pela mediação da crise pelo bispo
de Bissau, Dom José Camnaté Na Bissing."Por aquilo que ele
representa, pelo respeito que todas as partes têm por ele, estou convencido de
que é mais um espaço, mais uma mediação que o Presidente da República está a
tentar. Penso que, efetivamente, nós vamos poder chegar a um acordo",
considera o líder dos dissidentes.
REGRESSO AO PARLAMENTO?
Segundo Braima Camará, o grupo dos 15 partilha a ideia
avançada pelo Partido da Renovação Social (PRS) de realização, ainda este mês,
de uma sessão extraordinária parlamentar com vista a preparar as eleições
legislativas, previstas para novembro deste ano, e as presidenciais a terem
lugar em 2019.
"Quando há bloqueio, quando há impasse até neste
ponto, a única saída, efetivamente, é a realização das eleições", explica.
"Devolver a palavra ao povo foi o que o PRS pediu e nós, enquanto
deputados dissidentes, concordamos e congratulamo-nos com a iniciativa".
A Guiné-Bissau está há quase 80 dias sem Governo. A
legislatura do atual mandato parlamentar termina a 23 de abril e um dos pontos
da agenda da referida sessão será a eleição dos órgãos da Comissão Nacional
Eleitoral (CNE).
Braima Camará considera que o calendário eleitoral é
exequível, dependendo, sobretudo, da vontade dos atores políticos da
Guiné-Bissau. "Estão criadas todas as condições", afirma, "até
porque o Governo da Guiné-Bissau já contribuiu com a sua parte no valor de um
milhão de dólares para que possa mostrar à comunidade internacional o seu
engajamento e a sua disponibilidade para que as eleições possam acontecer no
mês de novembro".
A renovação dos órgãos decisores da CNE é também
relevante, diz Camará, para que o órgão possa estar em "condições
legítimas para organizar as [próximas] eleições".
Braima Camará pede à atual direção do PAIGC para pôr a
"mão na consciência" e considerar a reintegração dos 15
deputados dissidentes, de modo a não levar o partido para a oposição. "Sem
a reintegração do grupo dos 15, é sobejamente sabido na Guiné-Bissau que o
PAIGC dificilmente ganhará as eleições", assegura.
Notabanca; 06.05.2018
Frustrado tulo bu na fia dia cú bu dia tchiga bu na cibi cima Bissau malgoz burro suma bu padidures cú cá pu na escola
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