O prolongamento da crise política guineense requer a presença contínua da ONU na Guiné-Bissau, defendeu o representante especial do secretário-geral da organização para o país lusófono na sessão de quarta-feira do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Citado hoje pela UN News, Modibo Touré sustentou que, face à continuação da crise, a ONU tem de manter o foco no apoio aos esforços dos líderes guineense para a nomeação de um primeiro-ministro "aceitável", na criação de um Governo inclusivo, na organização de eleições e na implementação das reformas prioritárias.
"Após vários anos de um investimento de longo prazo na estabilidade na Guiné-Bissau, é chegada a hora de consolidar e recolher os dividendos dos nossos esforços. É vital que acompanhemos este processo até ao fim", sublinhou.
Touré destacou a
importância de o Conselho de Segurança da ONU continuar a reafirmar o apoio ao
Acordo de Conacri (assinado a 14 de outubro de 2016), reiterando paralelamente
que está ao lado dos esforços de mediação da Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental (CEDEAO).
Entre outros pontos, o
Acordo de Conacri prevê a nomeação de um primeiro-ministro
"consensual", algo que não acontece com Artur Silva, o antigo chefe
da diplomacia guineense que se tornou o mais recente chefe de Governo,
escolhido pelo Presidente José Mário Vaz, e que não é aceite no país.
Segundo o Departamento
para as Questões Políticas da ONU, a Guiné-Bissau tem sido assolada pela
crónica instabilidade política, sobretudo depois da abertura ao pluralismo
democrático, em 1991, e, mais especificamente, depois do conflito
político-militar de 1998/99.
Este departamento das
Nações Unidas apoia e fiscaliza a missão da ONU na Guiné-Bissau, a UNIOGBIS, no
país desde 1999, e liderada por Touré desde 2016.
Na reunião de
quarta-feira com os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, Touré deu conta
dos mais recentes desenvolvimentos políticos, lembrando que José Mário Vaz
demitiu o anterior Governo de Umaro Sissoco Embaló, e substituí-o por Artur
Silva.
"A ausência de um
Governo em funções e estável há mais de três anos tem limitado a capacidade da
UNIOGBIS de implementar na prática vários dois seus objetivos", referiu o
representante especial de António Guterres para a Guiné-Bissau.
Até ao final do ciclo
eleitoral, em 2019, a Guiné-Bissau continuará a ser um país que requer uma
presença dedicada das Nações Unidas para evitar uma ainda maior deterioração da
situação política e securitária a nível nacional, acrescentou Touré.
Para Touré, essa
"presença dedicada" ajudará também a evitar "efeitos
negativos" nos países vizinhos (Senegal e Guiné-Conacri), criando
"território fértil para vários tipos de tráfico".
"Será muito
importante que, pelo menos por mais um ano, as Nações Unidas se mantenham
empenhadas nos esforços de pacificação no país e que continua a apoiar a
intervenção da CEDEAO para resolver a crise política", defendeu.
Notabanca: 15.02.2018
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